Portugal é o grande vencedor da primeira edição da Liga das Nações da UEFA. A formação campeã da Europa puxou dos galões para conquistar a nova prova de selecções, e logo perante o seu público, graças a um triunfo mais do que justificado na final ante a Holanda, por 1-0, golo de Gonçalo Guedes na segunda parte.
Num jogo em que a “laranja” teve mais bola, a verdade é que tal aconteceu muito por culpa da estratégia portuguesa, que deu a posse ao adversário, cortou espaços para os atacantes contrários e foi muito inteligente no contra-ataque. A grande diferença em termos de remates é demonstrativa do acerto das opções tácticas de Fernando Santos para este jogo.
O Jogo explicado em Números
- Início de jogo de maior domínio holandês, com 65% de posse de bola. Fernando Santos percebeu que o seu adversário sente-se confortável nas transições rápidas, pelo que optou por dar a iniciativa aos holandeses, para tapar os espaços e aproveitar a formação das “quinas” os espaços concedidos. Assim, no primeiro quarto-de-hora Portugal registava os dois únicos remates do jogo, um enquadrado.
- E assim prosseguiu o encontro nos 15 minutos seguintes. A meia-hora chegou sem remates da Holanda, com Portugal a somar três, apesar dos 60% de posse de bola por parte da “laranja”. Aliás, os comandados de Ronald Koeman não tinham mais do que duas acções com bola na área lusa.
- Destaque nesta fase para Bruno Fernandes. O médio do Sporting registava dois remates (ambos de fora da área), um enquadrado, um passe para finalização e um cruzamento eficaz (o único que fez), com quatro recuperações e dois desarmes para mostrar de trabalho defensivo.
- Perto do intervalo, Portugal já somava nove remates, cinco deles da autoria de Bruno Fernandes, três deles enquadrados (dois do médio). A Holanda continuava sem qualquer disparo, visto que o posicionamento recuado de Portugal não deixava Depay e companhia explorarem a capacidade de explosão.
- Nulo ao descanso, que reflectia o facto de as duas equipas estarem de certa forma encaixadas nos seus 4-3-3, mas que não era fiel ao jogo atacante das duas equipas.
- Se a Holanda teve mais bola nesta etapa inicial (58%), Portugal foi bem mais afirmativo no ataque, chegando ao intervalo com 12 remates, embora somente quatro com boa direcção, frente a uma “laranja” que não realizou qualquer disparo.
- O melhor em campo nesta fase era Bruno Fernandes, com um GoalPoint Rating de 6.9, com cinco remates, dois deles enquadrados, três passes para finalização e dois cruzamentos eficazes em três.
- Portugal justificava o golo desde a primeira parte, mas também pelo que ia fazendo na segunda, com muitos lances de rápidos contra-ataques. Pelo que, aos 60 minutos, marcou mesmo. Lance veloz, Bernardo Silva deixou em Gonçalo Guedes à entrada da grande área, em zona frontal, e o jogador do Valência atirou a contar. Ao 14º remate, a formação lusa chegava à vantagem. A Holanda continuava sem qualquer disparo.
- O primeiro remate da Holanda surgiu apenas aos 65 minutos, por Depay, e enquadrado. Muito pouco para uma selecção que continuava a dominar em termos de posse de bola, 54% na etapa complementar.
- Aluga-se asa direita. Na segunda parte, chegado o minuto 75, Portugal havia realizado 66% dos seus ataques pelo flanco esquerdo, contra somente 8% pelo direito, com Gonçalo Guedes em grande evidência nesse aspecto. A Holanda continuava a ter mais bola nesta fase, mas a turma das “quinas”, já com Rafa Silva em campo (saiu Guedes), mantinha o seu adversário em sentido.
- Aos poucos os holandeses mostravam menor frescura física e, acima de tudo, uma grande dificuldade para acompanhar a velocidade de Rafa Silva, que criava muitos desequilíbrios. Portugal tinha o jogo controlado e acabou mesmo por assegurar a vitória e a conquista da primeira edição da Liga das Nações.
O Homem do Jogo
Grande jogo de Bernardo Silva, quiçá o melhor que realizou com a camisola das “quinas”. O médio do City esteve em todas ao logo de todo o jogo, terminando com um GoalPoint Rating de 7.5. Bernardo não só fez a assistência para o golo de Gonçalo Guedes, como registou cinco passes para finalização, completou 33 de 37 passes, teve sucesso em seis de nove tentativas de drible e participou no processo defensivo, com destaque para cinco recuperações de posse e quatro bloqueios de passe.
Jogadores em foco
- Gonçalo Guedes 6.0 – O homem que decidiu a partida. Guedes marcou o golo da vitória de Portugal, numa partida em que esteve muito activo, mas nem sempre decidiu bem. Ao todo fez três remates (um enquadrado) e tentou uma vez o drible, sem sucesso.
- Bruno Fernandes 6.8 – O médio sportinguista foi o melhor em campo durante grande parte do jogo, em especial pelo que fez no capítulo do remate. Ao todo, Bruno registou seis remates, enquadrou três, fez três passes para finalização e outros tantos cruzamentos (dois eficazes).
- Raphäel Guerreiro 6.6 – Porque Portugal não quis dar a profundidade aos atacantes holandeses, Guerreiro esteve algo retraído ofensivamente, com somente dois passes para finalização. Contudo, completou 45 de 52 passes, teve êxito nas duas tentativas de drible e registou nove recuperações de posse.
- José Fonte 6.4 – A dupla de centrais de Portugal esteve irrepreensível, mas Fonte acabou por apresentar números superiores. Para além de dois remates, o jogador do Lille ganhou quatro de sete duelos aéreos defensivos e somou 11 alívios.
- Cristiano Ronaldo 5.3 – Jogo competente e virado para o colectivo por parte do capitão. Ronaldo enquadrou um de três remates, fez dois passes para finalização e completou dois dribles, mostrando grande rigor táctico.
- Jasper Cillessen 7.0 – O melhor da Holanda foi o seu guarda-redes. Cillessen foi chamado a muito trabalho e só por uma vez não conseguiu travar um enquadrado, terminando com seis defesas, duas a remates na sua grande área, uma a disparo ao ângulo da sua baliza.
Resumo
// GoalPoint