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Sudão: Dois líderes dos protestos detidos por “homens armados”

Dois líderes dos protestos no Sudão foram detidos por “homens armados” após se encontrarem com o primeiro-ministro etíope, que chegou a Cartum para tentar resolver a crise com os militares no poder, informaram hoje fontes próximas dos detidos.

O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, pediu na sexta-feira uma transição democrática “rápida”, depois de se encontrar com o presidente do Conselho Militar, general Abdel Fattah al-Burhane, e vários líderes dos protestos.

Segundo familiares, Mohamed Esmat, líder da Aliança pela Liberdade e pela Mudança (ALC), principal força dos protestos, e Ismail Jalab, secretário-geral do Movimento Popular de Libertação do Sudão (SPLM-N), foram detidos depois de sua reunião com Abiy Ahmed.

Na sexta-feira, quando saíram da embaixada da Etiópia, “um carro com homens armados parou e levou Mohamed Esmat para um local desconhecido, sem dar explicações”, disse Essam Abu Hassabu, membro do ALC, à agência de notícias francesa AFP.

Hoje, às 03:00 (02:00 em Lisboa), “homens armados” foram à casa de Ismail Jalab e levaram-no “para um destino desconhecido”, disse à AFP Rachid Anuar, responsável do SPLM-N.

Segundo Anuar, Mubarak Ardul, porta-voz desse mesmo movimento, também foi levado por desconhecidos.

Na quarta-feira, as forças de segurança também detiveram Yasser Amran, vice-líder do SPLM-N, integrante de uma antiga rebelião do sul que esteve em conflito com o poder central do Presidente Omar al-Bashir.

A sua prisão foi fortemente condenada pelos Estados Unidos e pela União Europeia. O ex-chefe de Estado Omar al-Bashir foi derrubado a 11 de abril pelo exército, a favor de uma revolta popular sem precedentes desencadeada quatro meses antes.

O Conselho Militar que assumiu o poder iniciou negociações com os líderes dos protestos em torno de uma transição pós-Bashir.

As negociações foram suspensas a 20 de maio, com cada um dos lados quer liderar a transição. Na segunda-feira, as forças de segurança dispersaram brutalmente uma manifestação, deixando dezenas de mortos e centenas de feridos, segundo os líderes dos protestos.

Durante a visita do primeiro-ministro etíope, na sexta-feira, os generais disseram que estavam “abertos a negociações”, mas a ALC estabeleceu condições que incluem uma investigação internacional sobre o “massacre” ocorrido nos protestos.

// Lusa

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