A Lua dispõe de importantes reservas de água, mas isso já se sabe há vários anos. Há água congelada em forma de gelo puro no fundo das crateras que jamais receberão a luz do sol, mas também misturada, em menor quantidade, com a poeira e as rochas da superfície lunar.
Agora, um novo estudo publicado na revista Nature Goscience, acaba de revelar que o satélite aparentemente seco está a perder essa água – e a um ritmo considerável: cerca de 200 toneladas por ano. A culpa é dos meteoritos que caem quase continuamente no nosso satélite.
Segundo os cientistas planetários Mehdi Benna, Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland, e Dana Hurley, Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins em Laurel, Maryland, o impacto de pequenos meteoritos impulsionam, frequentemente, poeira e água na atmosfera escura do nosso satélite.
Os investigadores conseguiram detetar com os instrumentos da sonda Lunar Atmosphere e a Dust Environment Explorer da NASA até 29 lançamentos de água entre outubro de 2013 e abril de 2014 – e justamente no momento em que a Lua passou por chuvas de meteoros. Segundo os cientistas, quanto mais forte a corrente de meteoro, mais partículas são libertadas no espaço da Lua.
“A Lua é atingida por minúsculas partículas de poeira todos os dias”, explica Dana Hurley, “e ocasionalmente voa através de correntes de meteoros, e o bombardeio torna-se mais intenso”. De facto, as maiores deteções de água na atmosfera lunar foram detetadas precisamente ao mesmo tempo em que a Lua passou por estas correntes. “Isso fez pensar-nos que estávamos a testemunhar a libertação da água lunar pelos meteoros.”
No artigo, conta a ABC, os investigadores explicam que a quantidade de água detetada pelos sensores da sonda era alta demais para vir dos próprios meteoros. Em vez disso, propõem que a maior parte da água foi provavelmente separada dos grãos do solo lunar perto dos locais de impacto.
De acordo com os cálculos de Hurley, durante um ano, os meteoritos podem libertar cerca de 300 toneladas de água do solo da Lua. Cerca de um terço da água cai em algum outro lugar no satélite. Mas o resto – cerca de 200 toneladas por ano – fica perdido eternamente no espaço.
As análises realizadas mostram que a água lunar está escondida sob uma camada de aproximadamente oito centímetros de solo completamente seco. O foco, no entanto, é apenas 0,05%, de modo que o subsolo “molhado” nunca poderia tornar-se um terreno fértil. Apesar de conter água, o solo é mais seco do que deserto mais seco na Terra.
Os invetsigadores acreditam que a água poderia vir do impacto de um cometa gelado há centenas de milhões de anos e que, agora, tudo está a ser perdido por causa dos meteoritos. No entanto, a presença na superfície poderia permitir que, a partir de 2024, toda a água possa ser extraída para consumo humano, bem como para combustível.
Quando lá for tenho de me lembrar de levar o guarda chuva.