Pela 11.ª vez, o técnico Vítor Oliveira consegue promover um clube à primeira divisão, desta feita com o Paços de Ferreira. Segundo Wagner, jogador dos “castores”, o treinador conhecido como “o rei das subidas” tem um segredo.
Vítor Oliveira é já um nome conhecido da “velha guarda” do futebol português. O treinador tende a manter-se fora do estrelato, apesar de ano após ano fazer manchetes pelo país e pelo mundo. A ideia parece contraditória, mas a realidade é que não o é: Vítor Oliveira é treinador há cerca de 30 anos e é na Segunda Liga que decide escrever a sua história.
Ora não fosse este o treinador que mais vezes conseguiu promover clubes ao principal escalão do futebol português. O técnico de 65 anos já o tinha feito dez vezes e, desta vez com o Paços de Ferreira, selou o feito pela 11ª vez. Nos últimos sete anos, conseguiu fazê-lo seis vezes consecutivas.
Paços de Ferreira, Académica, União de Leiria, Belenenses, Leixões, Arouca, Moreirense, União da Madeira, Desportivo de Chaves e Portimonense são os clubes que o treinador catapultou para o primeiro escalão.
Época | Equipa | Classificação Final |
1990/91 | Paços Ferreira | 1º |
1996/97 | Académica | 3º |
1997/98 | U. Leiria | 1º |
1998/99 | Belenenses | 2º |
2006/07 | Leixões | 1º |
2012/13 | Arouca | 2º |
2013/14 | Moreirense | 1º |
2014/15 | U. Madeira | 2º |
2015/16 | Chaves | 2º |
2016/17 | Portimonense | 1º |
2018/19 | Paços Ferreira | 1º (à condição) |
Esta é a segunda vez que Vítor Oliveira conseguiu a promoção ao serviço dos “castores”, deixando o seu presidente, Paulo Meneses, num puro estado de euforia. “Ainda estou na ressaca deste grande momento. Uma subida que era muito importante para o clube”, disse o presidente citado pelo jornal ABOLA.
“Devolver o Paços a um lugar de onde nunca devia ter saído era muito importante e fundamental”, disse Vítor Oliveira em conferência de imprensa. Passaram 29 anos desde a primeira vez que o técnico conseguiu a primeira promoção com o emblema auri-verde.
Apesar do ato eleitoral em maio, o presidente pacense garante que Vítor Oliveira é “inquestionável, seja qual for o presidente”. O treinador que ainda luta pelo título de campeão, não sabe se ficará em Paços de Ferreira na próxima temporada, admitindo já ter recebido propostas de vários clubes.
Wagner revela o segredo de Vítor Oliveira
Esta é a primeira época de Wagner ao serviço dos “castores”. Titular indiscutível de Vítor Oliveira, revelou-se uma das peças fundamentais do técnico para o sucesso do clube. O extremo brasileiro apontou quatro golos em 27 jogos pelo Paços de Ferreira.
Durante a sua carreira, Wagner foi treinado por vários técnicos de renome como Pepa, Petit, Rui Bento, Vítor Paneira, Manuel Machado, Jorge Casquilha, Augusto Inácio e Jorge Paixão. Contudo, é em Vítor Oliveira que encontra a fórmula de vencedor.
O ZAP conversou com o jogador e tentou perceber qual é o segredo para o sucesso de Vítor Oliveira e o que o distingue de todos os outros. Wagner não tem dúvidas e destaca que o treinador de 65 anos é incomparável. “Não há ninguém igual a ele. É um excelente treinador dentro e fora de campo”, realçou o futebolista.
Com uma vasta carreira em Portugal, passando por clubes como Tondela, Nacional e Moreirense — e com passagens pela Polónia e pela Tailândia — Wagner conhece bem o futebol português. E sabe qual é a razão para o sucesso do treinador.
“Cada treinador tem o seu método de trabalho e a sua ambição. O mister Vítor Oliveira conhece bem cada um dos jogadores que escolhe para fazer do seu plantel uma equipa vencedora. Tem de ser essa a chave para o seu sucesso“, afirma o jogador de 32 anos. Esta que é uma das exigências do treinador: ter controlo absoluto no que toca à construção do plantel.
Desde a sua chegada no início desta temporada, Vítor Oliveira trouxe consigo uma panóplia de jogadores talentosos. Além dos experientes jogadores como Wagner, Luiz Carlos e Bruno Teles, o técnico apostou principalmente na contratação de jovens atletas e promissores.
Rafael Barbosa e Elves Baldé, ambos vindos do Sporting CP por empréstimo, são exemplos de jovens apostas do treinador pacense. Paul Ayongo e Gonçalo Gregório, que deram cartas no Campeonato de Portugal, também foram recrutados por Vítor Oliveira. Todos eles tiveram oportunidades de mostrar o seu valor na equipa principal.
Como Wagner refere, o treinador dá oportunidades a todos, o que “fortalece ainda mais o plantel durante a época”. Caso o jogador aproveita as hipóteses dadas, tem tudo para poder jogar mais vezes. “Isso é a chave do sucesso da equipa“.
Jogador | Idade | Clube de origem | Nº de jogos | Golos | Assistências |
Douglas Tanque | 25 | Police Utd (Tailândia) | 31 | 13 | 1 |
Marcos Valente | 25 | Vitória SC | 10 | 0 | 0 |
Carlos Henriques | 25 | Portimonense | 5 | 0 | 0 |
Paul Ayongo | 22 | Amarante FC | 11 | 3 | 1 |
Elves Baldé | 19 | Sporting CP | 9 | 0 | 1 |
Júnior Pius | 23 | Tondela | 29 | 3 | 3 |
Rafael Barbosa | 23 | Sporting CP | 13 | 1 | 2 |
Gonçalo Gregório | 23 | Casa Pia | 7 | 0 | 0 |
Mohamed Diaby | 22 | Paços Ferreira B | 21 | 0 | 1 |
Exigências do “rei das subidas”
Clubes como Feirense, Penafiel, Chaves, Académica e Leixões já mostraram o interesse nos seus serviços. No entanto, até ao final da época, Vítor Oliveira não pensa em nenhum deles, focando-se nos seus objetivos como treinador dos pacenses.
É compreensível o interesse nos clubes em garantir a sua contratação. Afinal de contas, é quase um bilhete garantido para a Liga NOS. Independentemente do interessado, há algumas exigências que o experiente treinador não abdica.
De acordo com o desportivo OJOGO, Vítor Oliveira pede dez mil euros líquidos por mês, os seus treinadores adjuntos de quem não abre mão, controlo sobre a construção do plantel e garantias sobre o salários dos jogadores são os principais pedidos do técnico natural de Matosinhos.
Numa entrevista concedida à Tribuna Expresso há dois anos, Vítor Oliveira negou ser um treinador caro. “Devo ser é dos treinador mais baratos em Portugal. Pelo menos nos últimos cinco anos fui baratíssimo de certeza, porque rentabilizei todos os ativos que foram postos à minha disposição em clubes que passaram a ser da I Liga”, disse.
Como aliciamento, o atual treinador do Paços de Ferreira assina contratos que incluam um prémio de subida. “São contratos simples e básicos”, assume. De acordo com o OJOGO, o prémio exigido por Vítor Oliveira ronda os 300 mil euros.
“Se se pagar 300 mil euros de prémio de subida, vale bem a pena, porque só em direitos televisivos se vai buscar entre 3,5 e 4 milhões de euros”, disse uma fonte não identificada de um clube da segunda divisão portuguesa que está a tentar a contratação do treinador.
Mário Nunes é o braço direito imprescindível a Vítor Oliveira desde que se cruzaram em 2014. “O mister é o cérebro, o líder. Eu tenho funções específicas no início e final dos treinos, em que me dá total liberdade”, disse o treinador adjunto, que juntamente com o técnico Tó Ferreira, é uma das exigências do “rei das subidas” para onde quer que vá.
Realmente muito interessante, obrigado por mais uma notícia top.
Grande demonstração de pesquisa. Todos os assuntos abordados apresentam muito boa correlação e organização. Esperemos que não seja o próximo treinador do Canelas.