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Urina ajuda arqueólogos a acompanhar a ascensão da agricultura

Estudar os vestígios de urina de ovelhas e cabras está a fornecer aos arqueólogos um vislumbre da domesticação de animais numa aldeia turca há 10.000 anos.

Uma das transições mais marcantes da História foi quando o Homem parou de caçar para se estabelecer enquanto agricultor. Agora, para reconstruir a história de um sítio arqueológico na Turquia, uma equipa de arqueólogos está a analisar uma fonte inusitada: os sais deixados para trás da urina humana e animal.

O sítio arqueológico de Aşıklı Höyük, na Turquia, tem sido estudado durante décadas. Os seres humanos ocuparam esta área há mais de 10.000 anos, quando começaram a manter animais, como cabras e ovelhas, dando os primeiros passos enquanto agricultores.

Nesta investigação, cientistas das Universidades de Columbia, Tübingen, Arizona e Istambul perceberam que quanto mais humanos e animais existiam num determinado local, maior a concentração de sais no solo. Porquê? Porque todos eles sentem necessidade de urinar.

Assim sendo, segundo o New Atlas, a equipa recolheu 113 amostras de Aşıklı Höyük, que incluíam pilhas de lixo, tijolos, lareiras e terra, de todos os diferentes períodos de tempo. Os cientistas examinaram os níveis de sais de sódio, nitrato e cloro – todos eles presentes na urina.

Os níveis de sais de urina revelaram a história por trás da ocupação humana e animal em Aşıklı Höyük. Nas camadas naturais, antes de existir povoamento na região, muito pouco sal foi encontrado pela equipa.

No entanto, entre cerca de 10.400 e 10.000 anos atrás, os níveis de sal aumentaram ligeiramente, altura em que alguns humanos começaram a estabelecer-se na região. A partir daí, rebentou a ascensão: entre 10.000 e 9.700 anos atrás, os sais viram um enorme pico, o que indica um aumento similar no número de ocupantes. Depois disso, as concentrações entraram em declínio novamente.

Segundo os cientistas, este grande aumento sugere o início da domesticação de animais em Aşıklı Höyük. Através destes dados, os especialistas estimaram que, durante o período de 1.000 anos de ocupação, uma média de 1.790 pessoas e animais viviam diariamente naquela área. No seu auge, a densidade populacional terá atingido cerca de uma pessoa ou animal para cada 10 metros quadrados.

Os habitantes estimados pelos cientistas para cada período de tempo não podem ser todos humanos, uma vez que as casas encontradas no local indicam uma população menor. No entanto, a equipa afirma que as concentrações de sal podem ser uma ferramenta verdadeiramente útil para estudar a densidade de animais domésticos ao longo do tempo.

Esta técnica pode ser usada noutros locais, nomeadamente para ajudar a encontrar novas provas da densidade do assentamento humano. O artigo científico foi publicado no dia 17 de abril na Science Advances.

ZAP //

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