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Lisboa já não é menina e moça. Jornalista inglês expõe cidade como “Rainha do Mar”

O jornalista britânico Barry Hatton, no seu novo livro, “Rainha do Mar”, diz que o segredo do encanto de Lisboa está na sua mistura, desde o legado cosmopolita do passado aos muitos e diversos testemunhos da atualidade.

“Lisboa é uma das poucas capitais europeias onde se pode ver roupa interior a secar no centro da cidade”, escreve Barry Hatton, no seu novo livro dedicado a Portugal – Lisboa, em particular, e os seus habitantes – paralelamente, um guia para os turistas descobrirem a capital portuguesa, e um relato comentado da história do país, até à contemporaneidade.

O autor aborda a cidade desde a instalação fenícia, por volta do século VII antes de Cristo, até aos finais do século XX, destacando a Expo’98, “memorável emblema de dias de abundância”, e que “foi o rastilho daquilo que ficou conhecido como o Big Bang de Lisboa: uma série de grandes obras públicas” como a ponte Vasco da Gama, a gare do Oriente e a extensão da linha de Metropolitano, entre outros projetos.

“A Expo’98 foi um símbolo de uma desejada reformulação mais alargada de Portugal”, escreve o jornalista, autor de “Os Portugueses”, acrescentando: “O país estava a rebentar pelas costuras de confiança, depois de ter aderido à nova moeda comum, e estava determinado a mostrar ao mundo o que conseguia fazer”.

Em maio de 1998, Portugal fez parte do primeiro grupo de países que fixou as taxas de câmbio bilaterais entre as respetivas moedas, o que viria a culminar com a introdução do Euro. A entrada de Portugal nas Comunidades Europeias, em junho de 1985, deu ao país acesso a “generosos fundos” e Lisboa, “mais do que o resto do país”, “experimentou um desenvolvimento relâmpago”.

O Centro Cultural de Belém (CCB), construído para receber a primeira Presidência portuguesa da então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1992, é um “marco”, afirma o jornalista, que considera o edifício “demasiado monolítico para ser humilde e demasiado insípido para ser importante”.

“Baixo e atarracado”, o CCB foi construído próximo do Mosteiro dos Jerónimos “propositadamente para recordar à CEE o glorioso passado de Portugal”. Todavia, considera o autor, “ficou diminuído” pelo contraste, sendo um “edifício para esquecer e uma oportunidade perdida para exprimir algo sobre Portugal moderno”.

O livro, editado pela Clube do Autor, “é para todos aqueles que partilham” o “afeto do autor por Lisboa, ou desejam ser seduzidos”, escreve Barry Hatton para quem a cidade “rainha do mar” tem uma “radiância da história imperial, de quando era centro nevrálgico das extensas possessões coloniais”.

“Este legado cosmopolita de Lisboa confere-lhe um intrigante sabor exótico que é único na Europa” e, apesar “de tudo o que perdeu, continua a excitar a imaginação”, escreve o jornalista.

Barry Hatton é correspondente da Associated Press, na capital portuguesa, e coautor, com Luísa Beltrão, de uma biografia de Maria de Lourdes Pintasilgo, a primeira mulher a chefiar um Governo em Portugal.

Lisboa é “uma das mais pequenas capitais da União Europeia, de um país que passa despercebido no extremo desse bloco, e está mais perto de África do que da sede da UE em Bruxelas, e não apenas no sentido geográfico”, escreve o jornalista que dá conta que “os universitários estrangeiros chamam a Portugal o ‘Marrocos da Europa’ e dizem-no como um elogio”.

A capital portuguesa temum “encanto especial” e “o seu segredo está na mistura”.

Barry Hatton é também o autor de “Os Portugueses” (Clube do Autor), publicado no início da década, uma “história moderna de Portugal”, “retrato de um povo único, fascinante e contraditório”, obra que alarga a perceção do afeto e da sedução do jornalista a todo o país.

ZAP // Lusa

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