Um novo estudo norte-americano sugere que, caso os carros automáticos percorressem as ruas enquanto os proprietários trabalham e tratam dos seus afazeres, isso resolveria questões relacionadas com o estacionamento. No entanto, essa mesma solução poderia causar um “grande problema” de trânsito.
“Imagine se, em vez de pagar por estacionamento no centro da cidade, pudesse ter o seu carro a percorrer as ruas, sozinho, e depois voltar para buscá-lo quando convocado”, começa por indicar um artigo do New Atlas, publicado no início de fevereiro.
Ora, segundo um novo estudo da Universidade da Califórnia (Estados Unidos), divulgado na edição de março da Transport Policy, é exatamente isso que os carros sem motorista poderiam fazer, o que causaria um grande problema ao nível do trânsito.
Segundo o professor Adam Millard-Ball, da Universidade da Califórnia, o custo para os proprietários dos carros manterem os automóveis autónomos a cruzar as ruas do centro da cidade, em velocidades típicas de tráfego, seria de 50 centavos (43 cêntimos) por hora.
Contudo, embora esse valor seja “muito mais barato” do que pagar para estacionar numa área controlada por parquímetro ou num parque de estacionamento, colocar os carros a “circular” também aumentaria o congestionamento do tráfego.
Além disso, os custos operacionais “seriam menores em velocidades menores”. Isso poderia incentivar os proprietários a definir os seus veículos para circularem em velocidade-cruzeiro tão baixas que tornariam o congestionamento ainda pior.
Utilizando teorias de jogos e um modelo de micro-simulação de tráfego, Adam Millard-Ball previu que, mesmo com apenas dois mil carros sem motoristas a circular no centro de São Francisco (EUA), o fluxo de tráfego seria reduzido para menos de três quilómetros por hora.
O professor compara esse problema com o que ocorre nas áreas de desembarque dos aeroportos, onde os motoristas circulam lentamente pela zona, de forma a evitar o pagamento do estacionamento.
Adam Millard-Ball sugere uma taxa de congestionamento, que consistiria numa quantia fixa, que teria que ser paga para entrar no centro da cidade. Essa taxa, acrescentou, poderia ser baseada numa combinação de fatores – como quilómetros percorridos, velocidade de cruzeiro, hora do dia e localização.
“Como política, o preço do congestionamento é difícil de implementar”, admitiu. “O público nunca quer pagar por algo que, historicamente, adquiriu de graça. Mas, agora, ninguém é dono de um veículo autónomo, então não há um eleitorado organizado para se opor à cobrança pelo uso das vias públicas. É o momento de estabelecer o princípio e usá-lo para evitar o cenário de pesadelo do engarrafamento total”, frisou.