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Cancro do colo do útero pode ser extinto até 2100

Todos os anos, o cancro do colo do útero é a causa de morte de mais de 300 mil mulheres em todo o mundo – mas pode ser extinto até 2100.

No ano passado, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) sublinhou que é necessária uma maior atenção para a eliminação da doença. Agora, um estudo publicado na revista científica Lancet Oncology mostra que o problema pode mesmo ser erradicado até ao ano 2100 com o aumento da aplicação de vacinas.

Aliás, de acordo com o jornal The Guardian, a Austrália pode ser o primeiro país a ver este tipo de cancro extinto, já em 2035, com taxas anuais abaixo dos quatro casos por cem mil mulheres, nos próximos anos.

Mas tudo depende da vacinação, alertam os especialistas. “Dependerá da sustentação das taxas de participação nos programas de vacinação contra o HPV e das iniciativas de rastreio do colo do útero, a nível local”, explicou a coordenadora da investigação, Karen Canfell, do Conselho de Prevenção para o Cancro do País de Gales.

A vacina HPV (do vírus do papiloma humano), que protege contra o vírus que está na origem da maioria dos casos de cancro do colo do útero, já conseguiu reduzir algumas estatísticas ao longo dos anos.

Se o programa de vacinação for seguido, a doença pode deixar de existir dentro de 81 anos – mas apenas em alguns países. Os mais desenvolvidos conseguiriam ver eliminada a doença até ao final do século, enquanto aqueles menos desenvolvidos ainda teriam entre quatro e 14 casos por cem mil. Países como Inglaterra, Finlândia, EUA e Canadá, por exemplo, conseguiriam a extinção do problema entre 2055 e 2059.

Apesar das estimativas da investigação, o desafio pode ser mais difícil do que se imagina, recorda o Diário de Notícias. As campanhas dos programas de vacinação contra o HPV têm sido bem recebidas na generalidade dos países da Europa, mas não são bem-vindas em muitas outras zonas do mundo.

Na Dinamarca e na Irlanda as taxas de vacinação sofreram um decréscimo acentuado depois da publicação de documentários que davam a conhecer casos de raparigas que terão adoecido após a vacina, causando fadiga crónica e dores intensas. Mais tarde, uma investigação da Agência Europeia de Medicamentos revelou que as vacinas não eram responsáveis por estes sintomas específicos.

Também no Japão, a decisão de suspender a recomendação da vacinação contra este vírus levou a uma queda drástica na taxa de aceitação, descendo de mais de 75% para menos de 1%, de acordo com os dados do projeto The Vaccine Confidence, da escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.

A diretora da iniciativa, Heidi Larson, admitiu que há um longo caminho a percorrer na consciencialização para estes programas, uma vez que sempre que os pais procuram mais informação sobre a vacina, deparam-se com histórias negativas. “É um desafio. É preciso muito trabalho e muito envolvimento. No entanto, é uma das melhores vacinas que temos”, disse.

A cientista Karen Canfell assegura que a vacina contra o HPV foi várias vezes confirmada pelo Comité Global sobre Segurança das Vacinas. Em 2017, foram administradas “mais de 270 milhões de doses de vacinas” contra este vírus. Em Portugal, a vacina contra o HPV arrancou em outubro de 2008, incluída no Programa Nacional de Vacinação.

ZAP //

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