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A Rainha Isabel II já tem plano de fuga se o Brexit provocar confrontos e motins

mikepaws / Flickr

A rainha Isabel II de Inglaterra

Um antigo plano de emergência para retirar de Londres a rainha Isabel II e a respetiva família durante a Guerra Fria foi recuperado para poder ser usado caso a saída do país da UE provoque manifestações que os coloquem em perigo.

Um Brexit sem acordo e a possibilidade de motins na capital podem justificar, no pior dos cenários, a retirada da família real para localizações seguras noutros pontos do país.

De acordo com a agência Reuters, todos os detalhes de como isso será feito fazem parte de um plano de evacuação antigo, da Guerra Fria, agora pronto para ser usado de novo.

Segundo uma fonte ouvida pelo jornal The Sunday Times, as autoridades britânicas apenas “retiraram o pó” desses planos de fuga antigos visando um “planeamento mais sensato” para a atual situação.

Em caso de tumultos generalizados em Londres após 29 de março, data em que está prevista a saída do Reino Unido do bloco europeu, a família real seria transferida para um local ultrassecreto, escreveu o jornal britânico.

Os planos foram motivados por preocupações de que a realeza possa ser um alvo de britânicos enraivecidos com um possível divórcio sem um acordo sobre as futuras relações do país com o bloco, o chamado hard Brexit.

O Sunday Times afirmou que o plano de evacuação envolve discussões com a Polícia Metropolitana de Londres e outra força policial regional, e faz parte da chamada Operação Yellowhammer, uma série de preparativos das autoridades britânicas para o caso de um Brexit sem acordo.

Mas, até lá, a Rainha voltou a apelar a consensos. Isabel II, que tem o dever de neutralidade política, fez um apelo a que se encontrem pontos de convergência, mas sem nunca fazer referência ao Brexit.

Estes planos para retirar a família real já foram criticados. Jacob Rees-Mogg, deputado conservador e apoiante do Brexit, disse ao jornal britânico The Mail on Sunday que os planos demonstram um estado de pânico desnecessário.

Opinião diferente tem Dai Davies, um antigo oficial da polícia que chegou a ser responsável pela proteção da família real, que espera que a Rainha seja retirada da cidade caso haja distúrbios violentos.

O plano de contingência original, criado em 1962 após a crise dos mísseis cubanos, previa, em caso de uma guerra nuclear, a transferência imediata da rainha e dos demais membros da família real para outras residências reais.

Ou, se a situação fosse altamente alarmante, poderiam ser levados para o HMS Brittania, o iate pessoal da rainha, que partiria para ilhas a noroeste da Escócia. O plano foi revisto várias vezes ao longo dos anos, inclusive quando o Brittania foi aposentado.

Embora o plano de fuga tenha sido modernizado, não há garantias de que Isabel II concordaria em ser retirada de Londres, afirma o Sunday Times. A realeza, por exemplo, decidiu permanecer na capital britânica mesmo durante os quase oito meses de bombardeamentos realizados pela Alemanha nazi na II Guerra Mundial.

O acordo do Brexit, fechado entre a primeira-ministra, Theresa May, e a UE, foi chumbado pelo Parlamento britânico. May terá, assim, de tentar chegar um novo acordo — ainda que a UE já tenha dito que não há nada a renegociar. Com o passar do tempo — e o aproximar do dia 29 de março, data do divórcio definitivo —, uma saída sem acordo torna-se cada vez mais provável, a não ser que o Reino Unido peça um adiamento do Brexit.

ZAP //

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