A forma mais letal de cancro no ovário foi detetada com sucesso com Inteligência Artificial, oferecendo esperança para tratamentos mais precisos para salvar vidas.
Os cientistas criaram uma ferramenta que procura aglomerados de células tumorais com núcleos de formato incomum – os “centros de controlo” no coração de cada célula.
Mais de sete mil novos casos de cancro de ovário são diagnosticados a cada ano no Reino Unido – e tem uma das piores taxas de sobrevivência de todos os tipos de cancro.
A taxa de sobrevivência normal além de cinco anos é de 53%, mas isto é reduzido para apenas 15% para pacientes com células deformadas. Os núcleos de formato estranho parecem ser uma indicação de que o ADN da célula se tornou instável, mas os testes convencionais podem facilmente ignorá-los.
Ao escolher mulheres com estas células incomuns, os investidores por trás da nova AI esperam desenvolver um sistema no qual os tratamentos sejam mais adequados aos pacientes com cancro.
“Usar este novo teste dá-nos uma maneira de detetar tumores com fraquezas ocultas na sua capacidade de reparar ADN que não seria identificado através de testes genéticos”, explicou Yinyin Yuan, que liderou o estudo no Instituto de Pesquisa do Cancro, citado pelo The Independent.
“Poderia ser usado juntamente com testes genéticos para identificar mulheres que poderiam beneficiar de opções alternativas de tratamento que visam defeitos de reparo de ADN, como os inibidores de PARP.”
Num estudo publicado na Nature Communications, os investigadores usaram a sua ferrament para testar amostras de tecido de mais de 500 mulheres com cancro de ovário. No total, a IA examinou quase 150 milhões de células.
Além de escolher o melhor tratamento, a investigação da equipa de Yuan também abriu novas possibilidades potenciais de imunoterapia.
As imunoterapias consistem em tratamentos que estimulam o sistema imunológico do corpo na luta contra as células cancerígenas. Os cientistas notaram que as células do sistema imunológico que ajudam a defender o corpo contra doenças não foram capazes de entrar nos aglomerados disformes.
Uma substância chamada galectina-3 estava presente em altos níveis nestes aglomerados e os cientistas concluíram que pode ser a chave para esta recém-descoberta “rota de fuga” do sistema imunológico.
A galectina-3 poderia, portanto, ser um novo alvo para as terapias, já que a sua remoção poderia deixar estas células mortais vulneráveis às células do sistema imunológico do corpo.