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Pilotos pedem demissão do presidente da Ryanair

Os pilotos da Ryanair pediram aos acionistas da companhia que substituam a liderança da empresa, na assembleia geral anual, a realizar-se esta quinta-feira, porque consideram que o atual modelo de emprego e gestão fracassou. 

O apelo foi feito numa declaração subscrita pelas estruturas representativas dos pilotos da Ryanair e publicada em toda a Europa. Em Portugal, a declaração foi divulgada pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação da Aviação Civil (SPAC), enquanto representante dos pilotos da Ryanair no país.

A Ryanair “precisa de líderes competentes que estejam focados num futuro claro e diferente, em vez de seguirem um modelo de emprego falhado, que resultou no colapso das nossas operações em setembro de 2017”, defenderam os pilotos da Ryanair na nota.

“Há uma necessidade urgente de ter uma equipa de gestão capaz de se adaptar às necessidades futuras da empresa, de se envolver de forma adequada com os seus funcionários e de garantir condições para ter um negócio sustentável e lucrativo para o futuro”, acrescentaram.

Para estes profissionais da aviação, a relação entre a gestão da Ryanair e os seus funcionários “tornou-se totalmente disfuncional“, estando “a colocar em risco o sucesso contínuo da empresa”, alertam os pilotos.

“Independentemente das reivindicações de reconhecimento sindical e de melhorias do relacionamento com os funcionários, a abordagem feita sob a liderança de Michael O’Leary ao longo de mais de 20 anos permanece inalterada“, defenderam os pilotos.

“A gestão parece incapaz de falar de boa fé com os seus próprios funcionários. As suas ações até hoje são vistas por nós como sendo frequentemente intimidantes e antagónicas. São também vistas como uma causa para perturbação nas operações e agitação laboral ao invés de criarem um ambiente de trabalho positivo e coeso para o futuro”, afirmaram. Os pilotos declararam ainda que perderam “toda a confiança na atual liderança e gestão”.

“Esta falha de liderança é agravada por uma aparente falta de supervisão da administração, do presidente e de administradores não executivos, o que permitiu o agravamento da atual situação negativa e do ambiente de incerteza”, consideraram.

Segundo os pilotos da Ryanair, os funcionários e os acionistas da companhia aérea “pagarão um preço desnecessário por tal falha durante muitos anos”.

A Ryanair tem estado envolvida num conflito com sindicatos a nível europeu, também com impacto em Portugal, nomeadamente depois de greves da tripulação de cabine, em que a empresa foi acusada de intimidar os trabalhadores.

Para 28 de setembro está convocada a segunda greve europeia na Ryanair, depois de os sindicatos que representam a tripulação de cabine terem promovido em 25 e 26 de julho uma paralisação em Espanha, Portugal, Itália e Bélgica.

Bruxelas critica a companhia

As comissárias europeias dos Transportes e dos Assuntos Sociais instaram a companhia aérea Ryanair a “mostrar responsabilidade social” na disputa que trava com as suas tripulações de cabine, advertindo que o respeito pela lei laboral aplicável não é negociável.

“Aqueles que reinam no céu também devem ser responsáveis no solo. Convido todos os grandes operadores, incluindo a Ryanair, que se tornou agora a principal companhia aérea europeia em termos de tráfego, a agir de forma responsável e a ser líder igualmente em assuntos sociais”, declarou a comissária europeia dos Transportes, Violeta Bulc.

Numa entrevista conjunta a correspondentes em Bruxelas sobre as questões sociais no setor da aviação, a comissária responsável pelo Emprego, Assuntos Sociais e Mobilidade Laboral, Marianne Thyssen, comentou por seu turno que as mais recentes posições negociais da Ryanair, que se mostrou disponível para começar a celebrar contratos locais, são sinais positivos, mas advertiu que “implementar uma lei em vigor não é matéria negocial”, há simplesmente que cumprir a lei.

ZAP // Lusa

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