Portugal é “exemplar” no combate ao VIH na Europa

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simcsea / Flickr

Portugal está entre o restrito grupo de países europeus com mais pessoas com VIH diagnosticadas e com mais doentes em tratamento que deixaram de transmitir a infeção, registando um “percurso exemplar”. Pela primeira vez, foram atingidos quase todos os objetivos estabelecidos.

O coordenador do Programa de Doenças Transmissíveis da OMS, Masoud Dara, saudou a evolução registada em Portugal nos últimos anos no combate à SIDA.

Portugal tem feito um percurso exemplar na prevenção, deteção, tratamento e cuidados dos doentes com VIH”, afirmou Masoud Dara, frisando que o país atingiu praticamente todos os objetivos estabelecidos no programa das Nações Unidas para o VIH/SIDA – ONUSIDA, conhecido como 90/90/90.

O programa pretende que, até 2020, 90% das pessoas com VIH/SIDA estejam diagnosticadas, que 90% dos diagnosticados estejam em tratamento e que 90% dos que estão em tratamento atinjam uma carga viral indetetável ao ponto de ser impossível transmitir a infeção.

Portugal já atingiu um desses objetivos – a identificação das pessoas infetadas – e conseguiu que 89% dos doentes em tratamento atingissem uma carga muito indetetável, acrescentou, por seu turno, o secretário de Estado da Saúde, Fernando Araújo.

“Exemplar” é o adjetivo escolhido por Masoud Dara, que coloca assim Portugal ao lado de países como a Dinamarca, a Islândia, a Suécia, a Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte, que já alcançaram a meta dos 90-90-90.

No entanto, a média dos 53 países europeus que participam no programa revelam uma situação preocupante: apenas 69% de doentes estão identificados, a maioria não está em tratamento (58%) e apenas 36% de doentes que estão em tratamento deixaram de ser uma ameaça na transmissão do vírus, segundo dados avançados à Lusa pelo responsável.

Masoud Dara aponta a situação vivida nos países da Europa de Leste como a principal razão para estas percentagens tão baixas, já que naquela região do globo a SIDA continua a ser um assunto tabu.

“Em 2016, havia 160 mil novos infetados na Europa, dos quais 80% viviam em países de leste”, lamentou, explicando que naquela região o número de novos doentes continua a aumentar, em parte por falta de prevenção e limitado acesso a tratamentos.

Resultado: No leste, estão diagnosticados apenas 63% dos doentes, só um em cada quatro (28%) está em tratamento e 88% dos doentes em tratamento continuam a ser um perigo em termos de transmissão do vírus.

Taxa mais baixa de sempre

Portugal atingiu a taxa mais baixa de sempre de novas infeções de VIH entre pessoas com comportamentos aditivos e dependências, que atualmente representam apenas 1,5% dos novos casos de SIDA, de acordo com Fernando Araújo.

Uma década depois de ter sido identificado o primeiro caso de VIH no país, foi criado o programa de troca de seringas, com o objetivo de prevenir as infeções entre as pessoas que utilizam drogas injetáveis. Assim, numa altura em que mais de metade dos novos casos de SIDA era de pessoas com comportamentos aditivos, começou a distribuição de material esterilizado e da recolha e destruição das seringas usadas.

Em 2017, apenas 1,5% dos novos casos dizem respeito a esta população, disse o secretário de Estado da saúde. “O nível de novos casos reduziu-se de forma muito significativa, o que significa que estamos a ter um sucesso dos melhores a nível europeu”, salientou o responsável governamental.

“Estamos a começar agora nos hospitais do país”, contou Fernando Araújo, sublinhando que o ministério quer “agarrar todos os tratamentos para evitar novos casos”, concluiu.

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. Parabéns por ser “Exemplar“,mostra que têm capacidade de na vanguarda em termos de saúde e desejo profundamente que isto seja o princípio de uma evolução/revolução mental de um país,somos bons,temos capacidade mas falta acreditar e querer

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