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“Mudanças tectónicas” no sistema financeiro global ameaçam nova crise

David Blackwell / Flickr

Os especialistas financeiros destacam mudanças consideráveis no mundo financeiro. Assim, se antes os títulos do Tesouro dos EUA representavam um investimento livre de risco, agora já não o são.

Especialistas do Deutsche Bank, citados pelo portal  VestiFinance, sublinharam que a taxa de rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA de cinco anos é maior do que o dos títulos da dívida pública de dez anos de qualquer outro país do grupo G10.

“É uma experiência bastante rara. Os EUA não só têm um rendimento real e nominal maior, mas também o rendimento dos títulos de cinco anos é maior que o dos títulos de dez anos de qualquer país do G10, exceto a Austrália, com o 2,82%”, explicaram.

Além disso, a agência Bloomberg observou que a taxa de rendimento dos títulos do Tesouro de dois anos é superior ao rendimento dos títulos da dívida pública de dez anos do Canadá e da Itália. Quanto aos títulos do Tesouro dos EUA de três meses, o seu rendimento agora excede o dos títulos de dez anos da maioria dos países desenvolvidos.

Os especialistas financeiros afirmaram que o nivelamento da curva de rendimento – a representação gráfica da relação entre o rendimento e a maturidade de títulos da dívida pública – é um sinal bastante seguro de uma futura recessão.

Em alguns países, por exemplo, na Rússia e no Japão, as mudanças nos mercados de dívida devem-se à atividade dos bancos centrais. Pelo contrário, o mercado dos EUA é influenciado por fatores mais tradicionais.

O sistema da Reserva Federal, o banco central dos EUA, empreende uma política mais restritiva, e os analistas esperam que as autoridades financeiras dos EUA emitam mais instrumentos de dívida pública, enquanto o déficite orçamentário poderia atingir uma taxa recorde.

Os especialistas indicam que as “mudanças tectónicas” nos principais mercados de dívida poderão ter graves consequências para todo o sistema financeiro.

Quanto aos fatores externos, os especialistas também destacam o papel da China. Assim que surgiu a ameaça da guerra comercial entre a China e os EUA, Pequim aplicou uma política monetária que teve uma influência considerável sobre a cotação do dólar e a dinâmica dos títulos do Tesouro.

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