Participar no Festival Eurovisão da Canção aumenta o sentimento de satisfação com a vida das pessoas dos países envolvidos. A conclusão é de uma pesquisa científica divulgada algumas horas antes da final da competição musical que se realiza neste sábado, pela primeira vez em Portugal.
Um novo estudo científico, publicado esta sexta-feira no jornal BMC Public Health, apurou que os cidadãos dos países que participam na Eurovisão têm 13% mais hipóteses de sentir maior “satisfação com a vida”, em comparação com os cidadãos dos países que não marcam presença no concurso.
A pesquisa liderada pelo epidemiologista Filippos Filippidis, do Imperial College London, no Reino Unido, conclui que as pessoas têm maiores probabilidades de se sentirem satisfeitas com a sua vida por cada subida de 10 lugares no quadro final da competição – por exemplo, se o seu país ficar em 2º lugar em vez de em 12º.
Além disso, os investigadores afirmam que uma boa classificação na Eurovisão também contribui para “um decréscimo nas taxas de mortalidade por suicídio“, conforme sublinham no estudo.
Mas mesmo ter zero pontos na competição, é melhor do que não participar, segundo a pesquisa. As pessoas naturais dos países que ficam nos últimos lugares da tabela têm 13% mais probabilidades de satisfação com a vida do que as das nações que simplesmente não participam no concurso.
Contudo, vencer a Eurovisão não representa um aumentos no grau de satisfação com a vida, sustentam os autores do estudo.
A pesquisa teve por base dados de um inquérito do Eurobarómetro, com a participação de mais de 160 mil pessoas de 33 países diferentes, que responderam a uma pergunta sobre a satisfação com a vida, pouco depois das finais do concurso entre 2009 e 2015.
Os investigadores cruzaram essas respostas com a performance de cada país na competição, para chegar às conclusões finais.
Estudos anteriores já tinham apurado que acolher ou participar em grandes eventos, nomeadamente Mundiais de futebol, contribui para a auto-estima e a produtividade de um país.
“Se a Inglaterra vencer o Mundial de Futebol, mesmo que não se tenha interesse por futebol, vai-se ver que as outras pessoas estão felizes a falarem disso e a sorrirem”, salienta Filippidis em declarações citadas pelo site Sciencedaily.com.
“Ser feliz é contagioso, e o mesmo acontece com a tristeza e o mau humor”, acrescenta o investigador, notando que participar na Eurovisão “aumenta a quantidade de bons sentimentos, mesmo entre pessoas que não estão particularmente interessadas na competição”.
O investigador explica que a ideia para a pesquisa surgiu de “uma conversa jocosa” num Departamento do Imperial College London que se dedica a analisar os efeitos de decisões políticas, ambientais e económicas na saúde pública, e que é composto por elementos de vários países que participam na Eurovisão.
Mas o estudo é mais do que uma mera curiosidade em tempos de febre da Eurovisão. Os resultados apurados reflectem como, por vezes, detalhes considerados de menor importância podem contribuir para a saúde física e mental da população, como constata Filippidis.