Apesar de haver outras espécies extintas que já tiveram o seu genoma descodificado, esta foi a primeira descodificação do material genético do núcleo celular de uma espécie moa, que agora poderá facilitar a obtenção do código genético de outras aves semelhantes.
Uma equipa de cientistas da Universidade de Harvard, em conjunto com um ornitólogo de um museu canadiano, conseguiram descodificar a quase totalidade do genoma dos pequenos moas da espécie Anomalopteryx didiformis.
Estas aves tinham uma estrutura parecida com a do peru e não tinham asas. Viviam na Nova Zelândia e podiam atingir cerca de um metro de altura. Graças à caça intensiva por parte dos humanos, estas aves foram extintas há cerca de 600 ou 700 anos (altura em que os humanos chegaram à ilha).
Mas não existiam apenas os moas Anomalopteryx didiformis. Havia ainda oito outras espécies destas aves, que também acabaram por se extinguir. As nove espécies, todas herbívoras, não eram distribuídas de forma uniforme pelas duas ilhas principais da Nova Zelândia: o Anomalopteryx didiformis era comum nas florestas das duas ilhas.
Através do material genético de um osso da para de uma destas aves, que pertence ao Museu Real do Ontário, foi possível reconstituir o ADN desta espécie. Além da sequenciação do ADN das mitocôndrias, esta foi a primeira descodificação do material genético do núcleo celular de uma espécie moa.
O artigo científico está disponível num repositório de acesso livre de trabalhos científicos de biologia – o bioRxiv -, mas ainda não foi publicado após revisão por pares.
A equipa, conta o Público, recolheu o ADN de peça antigas e tentou perceber onde se encaixavam as sequências genéticas do ADN do núcleo das células desta espécie, compostas por mais de 900 milhões de nucleótidos – a adenina, timina, citosina e guanina, elementos químicos que constituem o ADN, representadas pelas letras A, T, C e G.
Os genes são conjuntos destas letras que comandam o fabrico de proteínas e se encaixam aos pares: A com T e C com G, explica o jornal.
Como comparação, foi utilizado o ADN dos emus, os parentes mais próximos dos moas. Como se de um puzzle se tratasse, esta comparação tornou mais fácil perceber ncaixar as peças do material genético desta espécie. Assim, os investigadores conseguiram que 85% do genoma ficasse bem posicionado.
A descodificação do genoma destas aves pode ser útil para facilitar a leitura do material genético das outras oito espécies de moas extintas. No artigo científico consta que este genoma “abre um novo capítulo” na investigação do material genético dos moas.