Cristas quer partido aberto mas rejeita morte do CDS democrata-cristão

1

António Cotrim / Lusa

A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas

A moção da líder do CDS-PP não tem explicitada a matriz democrata-cristã do partido. Ainda assim, Assunção Cristas garante que a marca ideológica se mantém.

A moção de estratégia global de Assunção Cristas coloca o CDS-PP como uma força de centro-direita, mas não tem explicitada a matriz democrata-cristã do partido. Essa omissão está a ser alvo de críticas e contrasta com outras moções globais já entregues.

No entanto, Assunção Cristas rejeita esta acusação e garante que a explicitação doutrinária já consta da sua moção ao congresso de 2016.

O ex-deputado Raul Almeida diz ao Público que, “perante esta moção, os delegados ao congresso do CDS terão de decidir se aceitam a morte do CDS democrata-cristão e conservador que conheciam e que era um referencial na vida política portuguesa”.

O ex-deputado considera que esta moção é “um cheque em branco a Assunção Cristas” que permite “transformar o CDS no tal partido pragmático, despido de ideologias, avesso aos valores, gerido à vista em função da opinião pública do momento”. O parlamentar critica a falta de “compromisso” da líder e afirma que “o partido é meramente instrumental na prossecução dos seus interesses individuais”.

Do outro lado, Cristas argumenta que esta moção tem de ser lida com a anterior, de 2016, na qual é referido que o CDS “encontra inspiração central para as suas soluções na matriz democrata-cristã”.

A líder assume que nunca foi “marcadamente ideológica”, mas defende que temas como o Estado Social de parceria ou o Estado incentivador da iniciativa privada são uma “decorrência” da matriz do partido e que “não é preciso estar a proclamar” a ideologia.

Assunção Cristas assume a posição de ter mais pragmatismo e menos ideologia na moção, ao contrário de Lino Ramos, ex-secretário-geral, que defende que “este é o momento de afirmar o CDS e de afirmar a democracia-cristã”.

A Juventude Popular (JP), liderada por Francisco Rodrigues dos Santos, assume que quer representação parlamentar por entender que os jovens merecem ter “uma voz conservadora, democrata-cristã e liberal na Assembleia da República”, colocando no texto o CDS-PP como a “primeira força à direita“, e não ao centro-direita como Cristas.

Já a moção da tendência Esperança em Movimento, corrente interna do CDS, é baseada na projeção do partido como “um partido de causas, assentes nos valores e princípios da democracia-cristã”. Também a moção de Pedro Borges de Lemos, da corrente interna CDS XXI, defende o “reposicionamento” do partido “como um partido de centro”, “tornando-o como um grande partido democrata-cristão interclassista”.

A moção de Filipe Lobo d’Ávila, de há dois anos, assentava também na democracia-cristã.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

1 Comment

  1. CRISE DE MEIA IDADE? A Cristas não sabe o que fazer e dizer para chamar atenção para ser relevante no panorama da vida politica….

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.