Numa tentativa de contornar sanções dos EUA, Venezuela lança moeda virtual

Miguel Gutierrez / EPA

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anuncia que a pré-venda do petro alcançou os 735 milhões de dólares

A Venezuela tornou-se o primeiro país a emitir uma moeda digital. O “petro”, a nova criptomoeda venezuelana, foi lançada esta terça-feira.

A Venezuela tornou-se, esta terça-feira, o primeiro país a lançar a sua versão da bitcoin, uma moeda digital, numa iniciativa destinada a tentar sair da recessão e permitir a emissão de dívida, proibida pelas sanções económicas norte-americanas.

As autoridades dizem que o petro, o nome da nova moeda digital, está sustentado nas reservas petrolíferas do país, as maiores do mundo. De acordo com o Presidente Nicolás Maduro, cada petro corresponde a um barril de petróleo venezuelano, logo, 100 milhões de petros valem perto de 6 mil milhões de dólares, explica o Observador.

Como a criptomoeda é sustentada nas reservas petrolíferas, Maduro alega ser um investimento seguro, mas os analistas recomendam extrema cautela.

“O meu conselho é lidarem com isto de forma muito cautelosa, especialmente por causa do historial do Governo venezuelano”, disse o cofundador da Signatura, Federico Bond, uma startup argentina especializada em moedas digitais, numa referência aos incumprimentos financeiros do passado recente.

“Eles não estão numa boa posição para obter financiamento de qualquer outra maneira, portanto isto pode ser visto como uma medida desesperada”, acrescentou o empresário.

O Departamento do Tesouro norte-americano, o equivalente ao Ministério das Finanças, avisou que quem investir nesta nova moeda pode estar a violar as sanções decretadas por Washington no ano passado.

A nova moeda foi criada para valorizar a moeda “real” do país, e funcionar como método de pagamento aos fornecedores estrangeiros, visto que as últimas sanções dos EUA proíbem a nação de comprar a dívida venezuelana.

“O petro vai ser um instrumento para estabilidade económica e independência financeira da Venezuela, juntamente com uma visão global e ambiciosa para a criação de um sistema financeiro internacional mais justo, mais livre e mais equilibrado”, lê-se numa nota  assinada pelo Governo de Maduro e divulgada pela agência de notícias AP.

A bitcoin e outras moedas digitais já são comummente usadas na Venezuela como proteção contra a hiperinflação.

O uso de moedas digitais é também impulsionado pelo preço da eletricidade, uma das mais baratas do mundo, e pelo desespero dos cidadãos, que enfrentam uma recessão económica maior do que a Grande Depressão dos anos 30 originada nos Estados Unidos.

ZAP // Lusa

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