A Diocese do Funchal anunciou que o pároco da freguesia do Monte, na Madeira, que assumiu publicamente a paternidade de uma criança, foi dispensado e substituído por outro padre, embora continue a exercer o ministério sacerdotal.
“Após diálogos com o próprio sacerdote, ouvidas algumas instâncias da Igreja e percecionando um sentido eclesial comum, por parte de sacerdotes, consagrados e leigos, entendeu-se que constitui maior bem para o padre Giselo Andrade e para a Igreja diocesana, dispensá-lo de pároco do Monte“, poder ler-se numa nota divulgada na página da Internet da Diocese do Funchal.
No mesmo documento, a Igreja madeirense salienta que “foi amplamente difundido, na Madeira e fora dela, o caso de um sacerdote da Diocese, pároco do Monte, que assumiu publicamente a paternidade de uma criança“.
Também refere que o referido sacerdote “manifestou, assim, neste gesto e no compromisso de assumir todas as responsabilidades inerentes à situação criada, um sentido de responsabilidade que muita gente apreciou, sem que, no entanto, perante o facto, se deixassem de reconhecer, também, os seus aspetos negativos”.
Recordando que os padres católicos “aceitam e comprometem-se, em plena liberdade, a viver o dom do celibato”, a diocese argumenta que “toda esta situação gerou nos órgãos de comunicação social e nas redes sociais uma oportunidade de debate e reflexão, mas também uma ocasião ou motivo para questionar e contestar a atual disciplina da Igreja”.
A nota, salienta que “a Igreja não é estática, é dinâmica; tem uma história que lhe permite reconhecer e avaliar os seus valores e as suas faltas, o positivo e o negativo da sua presença junto das pessoas e da sociedade”.
Contudo, vinca que “as mudanças, porém, não se operam por razões de mera popularidade ou estatística de opiniões”.
“Relativamente ao pároco do Monte, ele próprio manifestou o desejo de continuar a exercer o ministério sacerdotal, nas condições exigidas pela Igreja”, sublinha.
Também declara que a Igreja “sentiu a necessidade de um discernimento claro, em ordem a uma opção responsavelmente assumida e maturada na reflexão e na oração, um discernimento feito com serenidade e livre de pressões, acompanhado pelo bispo da Diocese” do Funchal.
A nota informa que o padre Giselo Andrade pode “continuar a exercer o ministério pastoral, através de algumas atividades que lhe estavam já confiadas, na área das comunicações, e outras que eventualmente lhe sejam atribuídas”.
A diocese do Funchal indica que o referido sacerdote será substituído naquela paróquia dedicada à padroeira da Madeira pelo cónego Vítor Gomes, pároco da Sé, em regime de acumulação de funções, alguém que já paroquiou na freguesia do Monte e “conhece o meio e as pessoas”
Conclui que “apesar das limitações inerentes a esta situação provisória, tudo fará para levar por diante os projetos em curso, nomeadamente a tão desejada construção da capela da Imaculada Conceição, nas Babosas, como sinal de consolação e esperança”.
// Lusa