Uma boa alimentação e a prática de exercício físico melhoram a nossa longevidade. Mas para os 29 habitantes centenários de Cilento, em Itália, chegar aos 100 anos depende da atitude positiva com que encaram a vida.
Um estudo publicado recentemente na revista International Psychogeriatrics acompanhou a saúde mental de 29 moradores de nove aldeias da região italiana de Cilento, conhecida por juntar centenas de pessoas com mais de 90 anos.
Apesar de haver inúmeros estudos realizados com idosos, este destaca-se por não se focar na genética mas sim na saúde mental e na personalidade.
Em comunicado, Dilip V. Jeste, principal autor do estudo e professor da Universidade da Califórnia, nos EUA, explica que os temas principais do estudo assentam nas características associadas à melhor saúde mental observada nessa população rural.
“A positividade, ética de trabalho, teimosia e uma forte ligação com a família, religião e terra” são as características que sobressaem. De acordo com este estudo, “o amor pelo ambiente onde vivem” é uma característica muito forte na população idosa de Cilento e determinante para a sua longevidade.
Segundo a BBC, o estudo destaca também o “equilíbrio entre a aceitação e a determinação de superar as adversidades”, assim como a constante atitude positiva que “deve dar propósito à vida”.
Para chegar a estes resultados, a equipa de cientistas responsável pelo estudo fez análises quantitativas e realizou entrevistas aos centenários e à sua família, com o intuito de conhecer a personalidade e as histórias de vida – eventos traumáticos, migrações ou crenças individuais, por exemplo.
A maior parte dos centenários são pessoas que passaram por depressões, tiveram que migrar ou perderam entes queridos”, constata Jeste. “Para seguir em frente, tiveram que aceitar que a situação não poderia mudar”, porém, “conscientes e com vontade de seguir em frente”.
Embora a sua saúde física se tenha deteriorado com a idade, esta atitude faz com que os idosos mantenham o seu bem-estar mental. A maioria dos participantes, apesar das suas condicionantes, continua a ser ativa.
“Não existe uma forma única de chegar aos 90 ou aos 100 anos, nem tampouco acho que para chegar lá seja necessário uma mudança radical de personalidade”, afirma Jeste.
Ainda assim, este estudo prova que há contributos importantes para a nossa longevidade que dependem de nós próprios. A resiliência, o comprometimento e a confiança em nós mesmos são alguns deles.
ZAP // BBC