É um caso raro que está a surpreender a comunidade médica. Um casal japonês e um grupo de escuteiros contraíram uma infecção bacteriana potencialmente mortal durante uma viagem de 12 horas de avião entre o Japão e a Alemanha.
Esta infecção rara, conhecida por doença meningocócica, transmite-se habitualmente através de contactos próximos – beijos, por exemplo, ou vivendo próximo de pessoas infectadas.
Este novo caso de transmissão num avião é apenas o terceiro conhecido a nível mundial, segundo diz Yushi Hachisu, investigador do Instituto de Saúde Pública de Chiba, no Japão, citado pelo Live Science.
A doença meningocócica é transmitida pela bactéria Neisseria meningitidis que vive alojada no nariz e na garganta de cerca de 10% da população mundial, sem quaisquer sintomas. Quando a bactéria chega ao fluxo sanguíneo ou ao cérebro pode causar sérios danos, nomeadamente uma septicemia ou uma meningite.
O casal japonês, com cerca de 50 anos, viajava do Japão para a Alemanha, a 8 de Agosto de 2015. O caso foi agora apresentado por Yushi Hachisu na conferência IDWeek, que teve lugar no início deste mês na Califórnia, Estados Unidos.
O casal seguia viagem com duas equipas de escuteiros suecos e escoceses, com idades entre os 14 e os 17 anos, que tinham participado num encontro internacional de escuteiros. Seis dos escuteiros acabaram também por contrair a doença meningocócica, estabelecendo-se que o surto teria tido origem no referido encontro internacional.
A mulher e o marido viajaram na fila atrás dos escuteiros e perceberam que um deles passou a viagem a tossir. Mas só três dias mais tarde é que a mulher começou a sentir-se cansada, com tosse e com dores na garganta. O marido também ficou com dores de garganta e com febre ligeira.
A 19 de Setembro, já de regresso ao Japão e após uma ligeira melhoria, a mulher apresentava tremores, febre alta e dores nas articulações. Acabou por ir a vários hospitais, tendo, finalmente, sido internada a 25 de Setembro.
A mulher foi sujeita a análises, tendo-lhe então sido detectada a presença da bactéria Neisseria meningitidis no fluxo sanguíneo, bem como nas articulações. O marido também tinha a infecção no nariz e na garganta. Ambos tinham a mesma estirpe da bactéria que foi detectada nos escuteiros.
Estes dados “sugerem fortemente que a Neisseria meningitidis foi transmitida dos escuteiros escoceses para o casal japonês durante o voo internacional”, notam os investigadores.
Apesar de tudo, Hachisu realça que o risco de transmissão meningocócica num avião é “baixo”. Mas quanto mais longo o voo, maiores são os riscos de transmissão.
ZAP // Live Science