A caldeira vulcânica dos Campos Flégreos, localizada perto de Nápoles, em Itália, pode entrar em erupção a qualquer momento. Mesmo com a possibilidade de ocorrência de um evento catastrófico, a região não tem nenhum plano de evacuação.
Segundo alertaram em dezembro especialistas italianos e franceses num artigo científico publicado na revista Nature, o supervulcão adormecido perto de Nápoles – que alguns cientistas dizem ter sido a causa da extinção dos Neandertal – pode acordar a qualquer momento. E se isso acontecer, a região será palco de uma violenta erupção.
Os autores do artigo afirmam que a pressão dos gases no magma na região dos Campos Flégreos, a noroeste de Nápoles, está a aproximar-se de valores críticos. O próprio magma está a subir, mas é impossível prever se ou quando a erupção ocorrerá realmente.
Esta quarta-feira, foi o vulcanólogo Giuseppe Mastrolorenzo, do Observatório Vesuviano, a lançar o alerta: há uma bomba-relógio à beira de explodir na Europa e ninguém faz nada para a conter.
“O risco de uma erupção dos dois vulcões napolitanos é extremamente alto. Podemos dizer sem dúvida nenhuma que este é actualmente o maior risco de erupção no mundo “, diz Mastrolorenzo em entrevista à Sputnik News.
Segundo o vulcanólogo, o risco é ainda maior devido às consequências devastadoras que uma erupção catastrófica causaria, ou seja, o número de pessoas que poderiam ser afectadas. A região onde se situa a caldeira vulcânica dos Campos Flégreos tem 3 milhões de pessoas em risco.
O vulcanólogo realça que “a possibilidade de uma erupção é a mais alta possível. Pode ocorrer a qualquer momento. Esperamos que nesse caso houvesse sinais prévios, para que fosse possível preparar a evacuação, mas infelizmente tudo indica que qualquer erupção será anunciada apenas algumas horas antes de ocorrer“.
Os supervulcões da caldeira dos Campos Flégreos são capazes de causar erupções em grande escala, com proporções cem vezes mais destruidoras do que a do Vesúvio, que destruiu a cidade de Pompeia, realça Mastrolorenzo.
O alerta de nível amarelo foi introduzido na região em 2012, perante a ameaça de erupção iminente dessa caldeira vulcânica. O amarelo é o segundo na escala de quatro níveis de alerta vulcânico, e indica que a erupção pode ocorrer nas semanas ou meses seguintes.
De acordo com Mastrolorenzo, quando a situação atingir o nível vermelho — o mais perigoso — não será possível salvar a população da região se não existir um plano oficial concreto de evacuação – ou pelo menos recomendações gerais para coordenar o processo da evacuação.
“Simplesmente não existe um plano de evacuação que inclua as medidas necessárias, o trabalho de resgate, as formas de salvamento e a forma de alertar a população”, alerta o vulcanólogo.
Mastrolorenzo realça que os desastres naturais das últimas décadas — desde o tsunami no oceano Índico até o furacão Katrina — demonstraram que, na maioria das vezes, mesmo sabendo com antecedência sobre os riscos, não prestamos atenção suficiente ao que é preciso fazer para evitar ou atenuar as suas consequências.
Além disso, diz o cientista, há outras ameaças, como por exemplo planos de construção de centrais geotérmicas na ilha de Ísquia – e nos próprios Campos Flégreos. Estas instalações podem provocar terremotos e desencadear uma erupção.
No entanto, nem sequer as autoridades locais se manifestaram contra estes projectos, concluiu Giuseppe Mastrolorenzo.
Algo tanto mais preocupante quanto diversos especialistas não hesitam em considerar que este é o vulcão mais perigoso do mundo.
Segundo defendem alguns cientistas, uma forte erupção deste vulcão poderá ter sido a razão da extinção de Homem de Neandertal, há cerca de 40 mil anos atrás. A última erupção aconteceu em 1538.
ZAP // Sputnik News