“Um caso verdadeiramente único!” É assim que os especialistas de felinos selvagens avaliam as imagens inéditas captadas por um turista, na Tanzânia, que mostram um bebé leopardo a mamar numa leoa de 5 anos.
A foto que está a ser notícia por todo o mundo foi tirada por um hóspede de um alojamento para turistas de safaris, em plena Área de Conservação do Ngorongoro, na Tanzânia.
O holandês Joop van der Linde captou o momento em que a leoa Nosikitok, como é conhecida na área, dá de mamar a uma cria de leopardo com três meses de vida.
A imagem foi partilhada pelos responsáveis do alojamento, conhecido como Ndutu Safari Lodge, no Facebook e está a ser replicada em vários jornais de todo o mundo. Não é para menos, pois estamos perante “um caso verdadeiramente único”.
Quem o diz é o presidente da organização de conservação de felinos selvagens Panthera, Luke Hunter, em declarações ao jornal britânico Telegraph.
“Não conheço nenhum outro exemplo de adopção inter-espécies ou de amamentação como este, entre grandes felinos em ambiente selvagem”, refere Hunter.
“Esta leoa é conhecida por ter dado recentemente à luz as suas próprias crias, o que é um factor crítico”, explica ainda o especialista em felinos, que realça que a leoa “está fisiologicamente preparada para cuidar de bebés felinos” e que “os pequenos leopardos têm quase exactamente a idade das suas próprias crias e fisicamente, são muito semelhantes a elas”.
“Ela não amamentaria se não estivesse inundada de uma feroz motivação maternal“, considera Hunter, constatando que “é bastante provável que tenha perdido as suas próprias crias e que tenha encontrado os bebés leopardos quando estava particularmente vulnerável”.
Crias leopardo têm poucas hipóteses de sobrevivência
Mas “as probabilidades estão contra estas pequenas criaturas“, alerta Hunter em declarações à revista National Geographic, salientando que os bebés leopardos têm poucas hipóteses de sobrevivência no seio de uma alcateia de leões. O presidente da Panthera constata que é “muito improvável” que sejam aceites pela alcateia.
“Os leões têm relações sociais muito ricas e complicadas, onde reconhecem indivíduos – através da vista e de rugidos – e por isso, estão muito bem equipados para distinguir as suas crias de outras. Se o resto da alcateia encontrar as crias, é provável que sejam mortas”, explica Hunter no Telegraph.
“Mesmo a exposição prematura à sociedade dos leões não apaga os milhões de anos de evolução que equiparam os leopardos para serem supremos caçadores solitários“, conclui o especialista em felinos.