Afastada ligação terrorista de afegãos detidos no Porto

Tiago Petinga / Lusa

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Dois homens de origem afegã tinham pedido asilo político, numa esquadra, mas por terem fotos de armas, explosivos e combates na Síria levantaram suspeitas às autoridades, na quinta-feira. Afinal, os dois cidadãos estiveram na Síria mas a combater contra o Estado Islâmico.

Os dois cidadãos afegãos detidos no Porto na quinta-feira no Porto não têm, afinal, ligações a organizações terroristas, uma suspeita admitida pelas autoridades portuguesas. Os dois homens de nacionalidade afegã tinham pedido asilo na PSP e acabaram em tribunal e à guarda do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

De acordo com informação recolhida na investigação em curso, os afegãos, de 20 e 25 anos, saíram do seu país muito jovens em direção ao Irão. São xiitas e juntaram-se depois, como milhares de outros xiitas, às tropas que combatem o Estado Islâmico na Síria.

Integraram o “Islamic Revolucionary Guard Corp” – Guardas da Revolução -, um corpo militar criado para defender as fronteiras iranianas e que enquadra os voluntários xiitas. Essa foi a explicação dada para terem numa pen fotografias de combates no território sírio e que levantaram suspeitas às autoridades portuguesas.

As fotografias seriam de armamento, explosivos e combatentes com armas da guerra na Síria, o que levantou suspeitas de ligações a movimentos terroristas. Sendo xiitas fica afastada essa hipótese, uma vez que, quer o Estado Islâmico, quer a Al Qaeda integram apenas muçulmanos sunitas.

Quando os jovens estrangeiros se dirigiram a uma esquadra da PSP para pedir asilo, a polícia chamou o SEF por não entender a língua que falavam. Este serviço de segurança chamou tradutores em língua persa e farsi e entendeu detê-los, por “permanência irregular em território português”.

Nas declarações que os cidadãos prestaram referiram ter viajado, durante dois anos, por diferentes países europeus tendo chegado a Portugal de comboio.

De acordo com o SEF, após revista de segurança, “não foi encontrado qualquer documento de identificação, bilhetes ou outro documento que atestasse a factualidade por eles descrita. Tinham na sua posse cerca de mil euros, uma pen – onde estavam as fotografias – e ainda dois telemóveis”.

Foram presentes a tribunal, na quarta-feira de manhã, e o juiz validou a detenção e aplicou a medida de coação de instalação em Centro de Instalação Temporária no Porto, sob custódia do SEF, tendo sido apreendidos, por ordem do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP), os pertences referidos.

Os afegãos tinham anteriormente pedido asilo – que foi recusado – à Finlândia. Como, de acordo com a Convenção de Dublin que regulamenta os procedimentos com os refugiados no espaço europeu, o país que recebe o primeiro pedido de asilo, mesmo que não o aceite, assume responsabilidade pelos requerentes, o SEF requereu às autoridades finlandesas a chamada “retoma a cargo”. A Finlândia disponibilizou-se de imediato para receber de volta os dois cidadãos afegãos, segundo o Diário de Notícias.

ZAP //

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