Restaura-te: Lisboa vai formar dois mil sem-abrigo à mesa

A Câmara Municipal de Lisboa quer formar os mais de 2 mil sem abrigos que ocupam as ruas da capital. Em 2018, na Rua de São José, 2051 pessoas em situação “já estabilizada, recuperada” vão integrar o projeto da autarquia lisboeta – o Restaura-te.

Qualquer pessoa poderá frequentar o restaurante, que entra em funcionamento no próximo ano. A atender encontrarão pessoas com “uma história de rua ou de dependência”, conforme explica o vereador dos Direitos Sociais de Lisboa, João Afonso ao Diário de Notícias.

“Lá atrás, estará alguém que orienta todo o serviço de mesa e de cozinha”, contando com “o apoio das outras pessoas que estarão a receber formação”, precisou o autarca.

O objetivo da criação de um restaurante que forme sem-abrigo no mercado de trabalho é a integração destes no mercado de trabalho, especialmente se a sua formação for numa “das maiores áreas de empregabilidade na cidade”, como deixa prever João Afonso.

Depois da formação no restaurante da Câmara – o Restaura-te -, o objetivo é que estes sem-abrigo consigam empregos em restaurantes e empresas de catering, com as quais a Câmara de Lisboa vai fazer parcerias.

No site da Câmara Municipal de Lisboa, o autarca refere que este é um “restaurante que vai qualificar pessoas sem abrigo e servir de porta de entrada para o mercado de trabalho, uma forma de reinserir esta população tão desfavorecida, é mais um projetos que assim continua a estratégia de cidade para as pessoas em situação de sem abrigo”.

Sem falar em números, João Afonso indicou que o projeto entra em funcionamento o mais rápido possível, o que se prevê ser em 2018. O projeto ocupará um espaço na Rua de São José “que já está infraestruturado” pela autarquia.

Além deste projeto, o governo lisboeta prevê a criação de outras respostas de inserção diurna, como um centro ocupacional para pessoas sem-abrigo, que vai assegurar a integração de 125 pessoas.

Através de questionários feitos aos sem-abrigo, um diagnóstico datado de janeiro a maio deste ano revela que dos 2051 sem abrigos que Lisboa tem 85% são homens (mais de 1700). Do número total, 1717 dispõem de alojamentos temporários e 334 vive nas ruas.
Apesar deste novo projeto representar mais uma pequena ajuda, João Sousa admite ter consciência que “haverá sempre pessoas em situação” de risco.

O projeto insere-se no Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem Abrigo – também conhecido como NPISA -, que começou em 2015, com 16 parceiros. Em 2017 já conta com 25 parceiros que continuam a trabalhar em rede “com e para a população sem-abrigo”.

Inaugurada no Cais do Gás, em 2015, esta estrutura resulta de uma coordenação tripartida da Rede Social, com a Câmara Municipal de Lisboa, Centro Distrital de Lisboa – Instituto da Segurança Social, I.P e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

ZAP //

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