Segundo o geofísico norte-americano Stephen Meyers, dentro de alguns milhares de milhões de anos a Terra pode “matematicamente” colidir com Marte.
Um estudo realizado pelo geofísico Stephen Meyers, investigador da Universidade do Wisconsin–Madison, nos EUA, permitiu ao investigador norte-americano concluir que o Sistema Solar é caótico – e um dia isso poderia ter consequências desagradáveis.
“A grande descoberta desta investigação foi ter encontrado a primeira prova geológica inequívoca que confirma a ideia de que o Sistema Solar é caótico“, diz Meyers em entrevista ao podcast da revista Scientific American.
Referindo-se a estas propriedades caóticas do sistema, Meyers usa o sentido matemático da palavra, segundo o qual o futuro de um sistema complexo é fortemente dependente das suas condições iniciais. Assim, uma mudança ocasional nas órbitas dos planetas pode ser causada por uma interacção mal determinada entre diferentes corpos no Sistema Solar.
“Isso é conhecido como o efeito borboleta. É exactamente o mesmo fenómeno – a ideia de que uma borboleta a voar sobre o Oceano Índico poderia influenciar padrões climáticos na América do Norte uma semana mais tarde,” explica Meyers.
O cientista encontrou provas da sua teoria numa rocha no Colorado. A rocha é sedimentar, o que indica alterações climáticas causadas pelas variações da quantidade de luz solar que atinge o planeta. Segundo Meyers, isso resultou das mudanças da órbita terrestre.
De acordo com o cientista, durante os últimos 50 milhões de anos a órbita mudou de forma uma vez em cada 2,4 milhões de anos, o que provocou, simultaneamente, dramáticas alterações climáticas.
Entretanto, a equipa de Meyers examinou as rochas do Colorado e concluiu que há cerca de 85 milhões de anos atrás, o ciclo da mudança de órbita foi de apenas 1,2 milhões de anos. Segundo os cientistas, essa variação está ligada à interacção entre a Terra e Marte – e é característica de um sistema caótico.
Segundo Meyers, uma das consequências possíveis é a colisão de Marte com a Terra – embora a probabilidade de que isso aconteça não seja grande.
Na realidade, além do “efeito borboleta”, Meyers está também a aplicar à escala dos corpos planetários um outro conceito teórico da mecânica quântica: o de que o caótico Movimento Browniano das partículas num fluido pode fazer com que uma molécula num copo de água “decida” inesperadamente seguir uma trajectória vertical e saltar do copo.
A probabilidade de que tal aconteça não é zero. É apenas muito muito muito pequena.
AJB, ZAP // Sputnik News