A polícia espanhola deteve esta quarta-feira um marroquino regressado da Síria, onde terá combatido ao lado da Al-Nusra, e uma espanhola, viúva de um extremista, que tentou viajar com quatro filhos menores para se juntar ao Daesh.
O homem de 41 anos, detido em Vitoria, é um retornado instruído militarmente pela Frente Al-Nusra – antiga filial da Al-Qaeda na Síria e no Líbano – que dedicar-se-ia à captação de jovens, de acordo com as autoridades espanholas.
Segundo o Ministério do Interior de Espanha, desempenhava um papel-chave na estrutura de doutrinamento, captação e recrutamento a favor do Estado Islâmico, cujo derradeiro objetivo passava pelo envio de seguidores para a zona de conflito sírio-iraquiana para lutarem a favor da organização terrorista.
Foi instruído militarmente pela Al Nusra, que abandonou por divergências com alguns dos seus postulados, vinculando-se posteriormente ao EI, dedicando nos últimos dois anos a sua atividade à captação de jovens preferencialmente de origem marroquina, segundo a mesma fonte, citada pela agência EFE.
Procuraria os mais permeáveis, com os quais estabelecia uma relação estreita, pessoal e quase diária, evitando as redes sociais como medida de segurança.
A influência que terá exercido sobre os seus seguidores levou a que abandonassem as suas famílias para viajar para a Síria e levar a cabo uma “violenta jihad”.
Em setembro de 2013, após um profundo processo, um jovem marroquino viajou para a Síria com o detido para se juntar à Al Nusra, onde recebeu formação para o uso de armas de fogo.
O jovem recrutado morreu na zona de conflito sírio-iraquiana dois anos depois e a sua família indicou que, antes de iniciar a relação com o detido, não tinha formação religiosa e não estava radicalizado, mas era influenciável.
Já a mulher, também detida, desta feita, em Alicante, realizava alegadamente importantes trabalhos de propaganda através das redes sociais nas quais utilizava emblemas jihadistas e publicava vídeos editados por si de cariz extremamente violento, mostrando uma ideologia islamita radical a favor da causa da Palestina.
A mulher, de 36 anos, colaborava também, segundo a EFE, com o Estado Islâmico, através do contacto que mantinha com um conhecido recrutador ao serviço daquela organização terrorista e localizado na Síria.
A detida chegou alegadamente a realizar todos os trâmites necessários para se deslocar, com os seus quatro filhos menores, à zona de conflito e a sua intenção seria reunir-se na Síria com o seu marido, que viajou em 2014 para lutar nas fileiras do EI, na qual terá desempenhado um alto cargo.
Para conseguir este propósito, terá inclusive denunciado o desaparecimento fictício do seu marido e pai dos menores sabendo que ele estava a combater na zona de conflito para poder obter aval para viajar.
Face à impossibilidade de viajar de avião, a partir de Espanha, adotou, com os seus filhos, um trajeto por terra, via França, desistindo finalmente ao ser informada da morte do marido.
Após o seu regresso de França instalou-se de novo em Alicante, onde iniciou, por um lado, um trabalho muito intenso nas redes sociais com objetivo de procurar o marido através da Internet, cumprindo com o estabelecido pelo EI para as viúvas dos ‘mártires’ da organização terrorista e, por outro, exaltando publicamente a figura do seu marido como combatente jihadista.
A detida manifestava, segundo a agência EFE, um profundo ódio pela cultura ocidental e transmitia-o de forma direta aos seus filhos, chamando a atenção o discurso radical e violento de um deles, impróprio para um menor de idade.
No seu quotidiano recorria a medidas de segurança para evitar ser detetada, especialmente após a morte do seu marido, em 2014, quando o seu nome, a par com o dele, surgiram em alguns meios de comunicação social.
Estas duas operações continuavam em curso esta manhã, ainda segundo a agência noticiosa espanhola.
Desde 2015, ano em que o Ministério do Interior espanhol elevou para quatro o nível de alerta antiterrorista, as Forças e Corpos de Segurança detiveram 190 presumíveis terroristas, incluindo 12 desde o início deste ano.
// Lusa