O britânico Bernie Ecclestone confirmou esta segunda-feira que foi demitido do posto de chefe máximo da Fórmula 1, cargo que ocupou durante quatro décadas.
Já esta terça, em entrevista à BBC, o novo dirigente máximo da categoria, Chase Carey, não poupou críticas ao referir-se ao seu antecessor, que chegou mesmo a classificar de “um ditador durante muito tempo” pela forma como dirigiu a Fórmula 1.
Os novos proprietários da Fórmula 1 querem adicionar ao Mundial da categoria a disputa de uma prova a mais nos Estados Unidos, um circuito de rua, para aumentar no país a popularidade da elite do automobilismo, que nos últimos anos tem enfrentado grandes quedas de audiência – período em que continuava a ser liderada por Bernie Ecclestone.
“É um grande desporto, mas claro que pode ser melhorado. Até certo ponto necessitamos de um novo ponto de partida. O que trazemos é um novo olhar. Temos uma outra ambição, que é tornar a F1 um desporto fantástico para os fãs”, ressaltou Carey.
Chase Carey é também o CEO do grupo Liberty Media, empresa norte-americana que investe em entretenimento e desporto, e que em setembro adquiriu a F1, num negócio de 7600 milhões de euros.
Carey vai acumular as funções de CEO e presidente da Fórmula 1 e, embora tenha acabado de assumir a função de líder máximo da elite do automobilismo, deixou as cautelas de lado ao analisar o longo trabalho de Bernie Ecclestone, de 86 anos de idade.
Segundo diz Carey numa outra entrevista, concedida esta terça-feira à agência de notícias Associated Press, o britânico comandava a F1 com um estilo “autocrático”. “Bernie tinha um estilo autocrático. Eu não sou assim”, sublinhou.
Para Carey, a Fórmula 1 ficou estagnada no passado, apesar das constantes mudanças de regulamentos e inovações tecnológicas nos últimos anos, com “eventos um pouco cansativos”. O presidente da F1 considera que Ecclestone não conseguiu acompanhar a evolução dos meios de comunicação, hoje altamente ampliada com o advento da internet.
Aposta nos EUA
Carey deixou claro que pretende não apenas maiores audiências na Fórmula 1, mas também enviou um recado aos organizadores das provas mais tradicionais do calendário: terão que ser rentáveis para continuar a fazer parte do Mundial de F1.
Isso aplica-se por exemplo ao Grande Prémio de Inglaterra, disputado fora de uma zona urbana, em Silverstone, que terá de assegurar que pode gerar mais lucros para continuar a acolher uma prova do campeonato.
A Liberty Media, controlada pelo milionário John Malone, completou na última segunda-feira a aquisição da F1 ao fundo de investimentos CVC Capital Partners.
E conseguir um crescimento da categoria nos Estados Unidos é agora uma das prioridades da Liberty, proprietária da equipa de baseball Atlanta Braves, de grandes ligas desportivas e de investimentos em companhias de TV por cabo nos Estados Unidos.
Actualmente, a Fórmula 1 tem apenas com uma prova em solo norte-americano, em Austin, no Texas. O novo chefe da categoria e os seus proprietários querem incluir uma segunda prova no país, em algum grande centro urbano.
“Gostaria de acrescentar uma corrida nos Estados Unidos em algum local como Nova York, Los Angeles, Miami ou Las Vegas”, adianta Carey na entrevista à Associated Press.
ZAP // Agência BR