Uma equipa de arqueólogos encontrou ferramentas feitas com vidro vulcânico que seriam utilizadas para fazer tatuagens há três mil anos. A descoberta releva a importância cultural e histórica que as tatuagens têm ainda hoje no Pacífico.
Estas ferramentas foram encontradas durante escavações arqueológicas em Nanggu, nas Ilhas Salomão. Uma equipa de investigadores australianos descobriu 15 artefactos feitos em obsidiana – um vidro natural escuro que se forma quando a lava arrefece – que terão, pelo menos, três mil anos de existência.
A análise a estes objectos permitiu-lhes concluir que foram, provavelmente, usados para fazer tatuagens, conforme explicam no artigo publicado no Journal of Archaeological Science: Reports.
Os arqueólogos acreditam que, há três mil anos, as comunidades do Pacífico moldavam as lascas de obsidiana formadas naturalmente para que ficassem afiadas na ponta, permitindo assim, perfurar a pele e fazer as tatuagens com pigmentos naturais.
Para comprovarem esta ideia, os investigadores fizeram experiências em laboratório, recorrendo a pele de porco, usando um pigmento de carvão vegetal preto e um corante ocre vermelho e utilizando ferramentas de obsidiana semelhantes às que seriam usadas há três mil anos.
A comparação entre as ferramentas encontradas nas escavações e as usadas na experiência revelou sinais semelhantes de uso e de desgaste. Além disso, detectaram a presença de sangue, carvão e ocre nos artefactos de Nanggu.
“A pesquisa demonstra a antiguidade e a significância da decoração do corpo humano através da tatuagem como uma tradição cultural entre os primeiros povoadores da Oceânia”, salienta a arqueóloga líder da investigação, Robin Torrence, do Museu Australiano de Sidney, em declarações ao site Live Science.
Até agora, tem sido difícil estudar as antigas práticas de tatuagem nas culturas do Oceano Pacífico, essencialmente porque é difícil ou quase impossível encontrar vestígios humanos que permitam analisá-las cientificamente.
Além disso, também não tem sido frequente encontrar os artefactos com que eram feitas, provavelmente por serem objectos elaborados em materiais perecíveis, destaca Robin Torrence.
ZAP