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Previsão de chuva de ferro derretido e neve de areia quente em anã castanha

NASA/JPL-Caltech/University of Western Ontario/Stony Brook University

O clima numa anã castanha: chuva de pedras e ferro derretido', 'neve' de areia quente

O clima numa anã castanha: chuva de pedras e ferro derretido’, ‘neve’ de areia quente

A primeira previsão do tempo para uma estrela anã castanha acaba de ser divulgada – e os prognósticos para esta “estrela falhada” não são nada bons. Os astrónomos da NASA prevêem chuva de ferro derretido e “neve” de areia quente, com possibilidade de trovoadas e furacões.

Observações efectuadas pelo telescópio Spitzer, da agência espacial americana, revelaram surpreendentemente nuvens turbulentas que circulam à volta de uma estrela anã castanha.

As estrelas anãs castanhas são consideradas uma espécie de versão “fracassada” de um astro normal, já que não conseguiram adquirir massa suficiente para sustentar o contínuo processo de fusão de átomos.

A previsão meteorológica foi divulgada no 23º encontro da Sociedade Americana de Astronomia, em Washington, e é o retrato mais detalhado já feito de um planeta fora do sistema solar.

Ao comentar o estudo, o professor Adam Burgasser, da Universidade da Califórnia, fez uma brincadeira com a canção de jazz “Let It Snow! Let It Snow! Let It Snow!”:

“Vamos todos cantar a previsão de nossa estrela anã castanha mais próxima: deixemos nevar pedras, deixemos nevar areia, deixemos nevar minerais“, cantou Burgasser.

Os astrónomos escolheram para o estudo um sistema especial, com um par de estrelas anãs castanhas, o Luhman 16AB – o mais próximo da Terra com presença de estrelas anãs, a 6,5 milhões de anos-luz do nosso sistema solar.

NASA/JPL-Caltech

Uma estrela anã castanha é uma espécie de astro "fracassado", que não adquiriu massa suficiente

Uma estrela anã castanha é uma espécie de astro “fracassado”, que não adquiriu massa suficiente

“As tempestades em estrelas castanhas são muito mais violentas e variáveis”, diz à BBC Aren Heinze, da Stony Brook University, de Nova York.

“A chuva é quente demais para se transformar em água. Provavelmente trata-se de ferro derretido e silicatos (areia).”

À medida que os astros giravam ao redor do próprio eixo, os astrónomos procuravam mudanças no brilho da superfície – sinais da existência de nuvens.

Adam Burgasser / UCSD

Adam J. Burgasser, professor de Astrofísica da Universidade da Califórnia

Adam J. Burgasser, professor de Astrofísica da Universidade da Califórnia

“Isso faz de nós ‘astro-meteorologistas’. Nós conseguimos prever quão encoberto o tempo ficará, qual será a temperatura e quanto vento haverá num determinado dia”, diz Burgasser.

Os ventos detectados na Luhman 16AB possuem velocidades de 160 a 640 quilómetros por hora. As temperaturas alcançam 1,2 mil graus e há nuvens a cobrir metade da superfície do planeta.

Uma nuvem em particular chega a cobrir sozinha 20% da estrela. Os astrónomos compararam-na com a Grande Mancha de Júpiter, uma gigantesca tempestade que cobre 1% do planeta.

“Mas ao que tudo indica, a Grande Mancha Vermelha não é assim tão grande”, diz Burgasser.

ZAP / BBC

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