Cientistas desvendaram o grande segredo das borboletas-monarca

Borboleta-Monarca

O segredo da bússola interna das borboletas-monarca que lhes permite não se perderem, durante a grande viagem da migração anual, foi revelado por um grupo de cientistas norte-americanos.

Todos os anos, com o aproximar do Inverno, estas borboletas migram do norte dos Estados Unidos e do sul do Canadá rumo a uma localidade única na região central do México. Uma viagem tão grande que mais nenhum outro insecto faz.

Uma equipa de biólogos e matemáticos de várias Universidades dos EUA recriaram em laboratório o relógio interno que estas espécies usam para encontrar a direcção certa durante essa viagem.

“Elas acabam numa localidade particular no centro do México, após dois meses de voo, poupando energia e usando apenas algumas pistas. Identificamos que as pistas de entrada dependem inteiramente do Sol. Uma é a posição horizontal do Sol e a outra é manter a hora do dia. Isto dá [às borboletas] uma bússola de Sol interna para viajarem para sul ao longo do dia”, explica um dos investigadores envolvidos na pesquisa, o matemático Eli Shlizerman, da Universidade de Washington, em declarações à BBC.

Pesquisas anteriores já tinham detectado que as borboletas-monarca usavam a hora do dia e a localização do Sol para se orientarem, mas esta nova investigação, divulgada no jornal científico Cell Reports, mostra como é que a bússola interna destes insectos se organiza nos respectivos cérebros, de modo a determinar que rumem para Sul a cada Outono.

O relógio interno destas borboletas é codificado geneticamente e está centrado nas antenas e nos olhos que captam as informações e as enviam, pelos neurónios até ao cérebro.

“Criamos um modelo que incorpora esta informação – como as antenas e os olhos enviam a informação para o cérebro. O nosso objectivo era modelar que tipo de mecanismo de controle estaria em jogo dentro do cérebro e depois questionar se o nosso modelo poderia garantir uma navegação sustentável em direcção a sul”, explica o matemático no site Science Daily.

Conseguiram assim descobrir que, durante correcções de rota, no decurso da viagem, as borboletas-monarca têm uma característica única – um “ângulo de separação” no seu campo visual cuja localização muda ao longo do dia.

Este ângulo “marca o ponto onde uma borboleta tem que fazer uma rotação completa para se reorientar”, conforme se salienta no comunicado sobre a pesquisa divulgado pelo site EurekaAlert!.

Se se afastar da rota por causa de um objecto no caminho ou de uma rajada de vento, a monarca vira para qualquer que seja a direcção que não lhe permita cruzar esse ponto de separação.

E quando é hora do regresso a “casa” na Primavera, o relógio interno das borboletas simplesmente reverte a direcção. “A sua bússola aponta para o norte em vez do sul.

É um sistema simples e robusto para explicar como é que estas borboletas – geração após geração – fazem esta migração notável”, salienta Eli Shlizerman no Live Science.

No fim de contas, o que este estudo nos ensina é que “estes não são apenas animais bonitos”, mas um verdadeiro “tesouro biológico”, conforme conclui o neuro-cientista Steven Reppert, da Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts.

SV, ZAP

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