A Grande Barreira de Coral da Austrália, considerada uma das grandes maravilhas do mundo, está a sofrer a pior descoloração de sempre e a culpa é das alterações climáticas e do stress que impõem aos corais.
O alarme é dado pelo grupo australiano National Coral Bleaching Taskforce (NCBT) que, nos últimos dias, tem percorrido a Grande Barreira de Coral, alertando para a sua enorme degradação por causa das alterações climáticas.
Dos 520 corais analisados entre a cidade australiana de Cairns e a Papua Nova Guiné, apenas quatro estarão sem sinais de descoloração, enquanto 95% deles são classificados como estando nas duas piores categorias de branqueamento, segundo dados divulgados pelo site The Australian.
O professor Terry Hughes, do NCBT, constata que se trata da pior descoloração já registada, ainda mais severa do que as verificadas em 2002 e em 1998. E a totalidade da extensão da Grande Barreira de Coral ainda não foi analisada.
“O norte fritou. Este é um acidente de comboio em andamento e em câmara lenta”, considera o professor Terry Hughes, citado pelo mesmo site.
A descoloração dos corais surge por causa do stress a que estes são sujeitos em função das mudanças nas condições do seu habitat, nomeadamente a temperatura, a luz e os nutrientes que recebem.
É por causa deste stress que os corais expulsam as algas zooxantelas que lhes dão cor e que vivem entre eles.
Os corais podem recuperar a cor, mas este processo leva décadas e Hughes teme que as alterações climáticas estejam a acelerar o seu branqueamento de tal forma que não permitam qualquer margem de recuperação.
E se as condições de stress continuarem, os corais podem até acabar por morrer.
“Cientistas subaquáticos já estão a reportar cerca de 50% de mortalidade nos corais descolorados”, assegura o professor, em declarações divulgadas no site da Universidade James Cook.
A Grande Barreira de Coral da Austrália alberga cerca de 400 tipos de coral, além de muitas espécies de peixes e de moluscos, sendo uma das grandes vítimas do aquecimento global que se vem verificando nos últimos anos.
Perante estes dados, já se defende que a UNESCO devia classificar esta maravilha do mundo como um dos lugares em risco.
A directora da campanha da Sociedade da Marina Australiana para a Conservação da Grande Barreira de Coral, Imogen Zethoven, não duvida que esta está a ser “arruinada pelo aquecimento global debaixo dos nossos olhos”, conforme declarações divulgadas pelo jornal The Sidney Morning Herald.
SV, ZAP