Cientistas polacos conseguiram sintetizar um composto de krypton, gás que era considerado totalmente inerte, com oxigénio. Não é a kryptonite que pode matar o Super Homem, mas é uma descoberta considerada revolucionária.
Os cristais de kryptonite que são letais para o Super Homem não passam de ficção do Planeta Krypton, mas há um elemento químico real denominado krypton – é um gás nobre, obtido por via da destilação de ar líquido, que é usado em alguns tipos de lâmpadas eléctricas e fluorescentes e que era considerado totalmente inerte.
Químicos do Instituto de Física Química da Academia de Ciências Polaca, em Varsóvia, descobriram que o krypton, quando sob elevada pressão, tem a capacidade de formar óxido de krypton depois de se ligar quimicamente com oxigénio.
Na verdade, os cientistas não criaram a reacção efectivamente, apenas a teorizaram, recorrendo a algoritmos genéticos e a modelos baseados na chamada Teoria da Densidade Funcional que tem servido de base ao estudo das moléculas químicas, conforme explicam no jornal Scientific Reports.
“A substância que estamos a prever é um composto de krypton, não com nitrogénio, mas com oxigénio. Na convenção do livro de Banda Desenhada, deveria antes chamar-se kryptóxido em vez de kryptonite. Por isso, se o Super Homem estiver a ler isto, ele pode ficar calmo – neste momento, não há motivo para pânico”, salienta com bom humor um dos investigadores envolvidos na pesquisa, Patrick Zaleski-Ejgierd, em declarações divulgadas pelo site Science In Poland.
“As nossas simulações por computador sugerem que os cristais de monóxido de krypton se formam a uma pressão entre 3 a 5 milhões de atmosferas. Isto é uma enorme pressão, mas pode ser alcançada mesmo nos laboratórios actuais, espremendo habilidosamente amostras em bigornas de diamante”, explica outro dos investigadores envolvidos, Pawel Lata.
“O nosso monóxido de krypton, KrO, provavelmente, não existe na natureza. De acordo com o conhecimento actual, no interior profundo dos planetas, ou seja, o único lugar onde há pressão suficiente para a sua síntese, não existe oxigénio, nem mais ainda krypton“, acrescenta Zaleski-Ejgierd no mesmo site.
O investigador refere também que “reacções a ocorrerem a pressão extremamente alta são quase desconhecidas”, pelo que se fala em “química muito, muito exótica” ou “Química no Limite”.
“Muitas vezes, as pressões necessárias para realizar as sínteses são tão gigantescas que, no presente, não vale a pena tentá-las em laboratórios. Nesses casos, até métodos de descrição teórica falham”, conclui o investigador, quase que a sublinhar que o mesmo pode acontecer à exótica fórmula do KrO.
SV, ZAP