O publicitário brasileiro João Santana, responsável pelas três últimas campanhas presidenciais do Partido dos Trabalhadores (PT, no poder), suspeito no escândalo de corrupção da Petrobras, entregou-se esta terça-feira à Polícia Federal.
João Santana e a mulher foram detidos um dia depois de lhes ter sido decretada a prisão temporária na 23ª fase da Operação Lava Jato, que investiga a relação de Santana com a construtora Odebrecht. A construtora, também alvo de investigações da Polícia Federal, teria feito pagamentos financeiros ao publicitário no estrangeiro.
O juiz federal Sérgio Moro confiscou um apartamento do publicitário, localizado em São Paulo, registado em nome de Santana e da mulher, por suspeitas de que o imóvel teria sido pago com dinheiro retirado de uma conta secreta na Suíça.
Em outra medida cautelar em nome dos investigados, Moro decretou o bloqueio das contas pessoais de João Santana e da mulher, medida estendida ao engenheiro Zwi Skornicki, representante do Estaleiro Keppel Fels no Brasil, e de Fernando Migliaccio, funcionário da Odebrecht .
Segundo o Ministério Público brasileiro, o publicitário terá recebido transferências de cerca de 2,7 milhões de euros entre 2012 e 2013 para contas do publicitário na Suíça, pagos empresas com sede em paraísos fiscais e ligadas à construtora.
O alegado pagamento de subornos realizado por grandes companhias a ex-funcionários da Petrobras em troca de contratos já levou à prisão de dezenas de políticos e empresários no Brasil.
Além da Odebrecht, cerca de vinte outras companhias são investigadas pelos procuradores.
Entre os políticos supostamente envolvidos nos casos estão o presidente da Camada dos Deputados, Eduardo Cunha, e o presidente do Senado, Renan Calheiros.
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto já foi condenado a 15 anos de prisão por envolvimento no caso. José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, também é arguido do caso Lava Jato, mas ainda aguarda sentença.
A operação Lava Jato investiga grandes empresas brasileiras que obtiveram contratos manipulados da Petrobras, inflacionando os valores nas licitações e dividindo a diferença com ex-diretores da petrolífera e políticos que apoiaram as manobras.
Além das empresas, 50 políticos estão a ser investigados, muitos deles integrando partidos da base política que apoia o governo de Dilma Rousseff no Congresso (Parlamento), entre a Câmara dos Deputados e o Senado.
A própria Petrobras reconheceu, num balanço divulgado no ano passado, que entre 2004 e 2014 teve prejuízos financeiros superiores a dois mil milhões de euros devido a desvios de dinheiro e corrupção.