O milionário Jeffrey Bezos também investe no planeta — e torna os cientistas cada vez mais próximos de ter uma boa solução para travar a produção de gás metano.
O gado é responsável por um terço da produção de metano, gás responsável por 30% das alterações climáticas no mundo inteiro.
As vacas até podem ser animais “fofos”, mas o que não é nada agradável é quando arrotam e lançam flatulências que concentram um elevado grau de metano. Episódios de “puns coletivos” já levaram, inclusivamente, a explosões em estábulos.
É para travar estes “traques” nocivos que a fundação de Jeffrey Bezos (o dono da Amazon), a Bezos Earth Fund, vai contribuir com cerca de 9 milhões de euros para a elaboração de uma vacina contra os gases das vacas.
“Tem havido um investimento significativo em diferentes países na tentativa de desenvolver esta vacina invulgar, na medida em que não é necessariamente para o benefício do animal, mas sim para o benefício das emissões que o animal pode produzir”, explica à CNN John Hammond, um dos investigadores desta solução.
“Para funcionar, a vacina teria de produzir anticorpos que se ligassem às bactérias do rúmen (zona do estômago das vacas onde é produzido o metano) que produzem o metano e as impedissem de o fazer”, explica o cientista.
Problemas: identificar os anticorpos é difícil,e assegurar o bem-estar dos animais é também uma preocupação.
No entanto, “se formos capazes de identificar uma abordagem de vacina adequada, isso também pode significar que podemos potencialmente vacinar a vaca mãe”, diz outro colaborador do projeto, Dirk Werling.
“Isto resultaria na produção de anticorpos transmitidos através do colostro (o primeiro leite produzido após o parto). Portanto, há várias formas de utilizar as defesas da própria vaca, mas tudo isso ainda está para ser visto”, acrescenta.
E há ainda quem apoie outras soluções, como alimentar o gado com algas vermelhas, o que poderia reduzir drasticamente o metano, pu até mesmo o Bovaer, um aditivo alimentar à base de nitratos que não contém bromofórmio que já foi testado em vacas.
Mas há um grande problema a combater: a desinformação. “Não estamos preparados para isso”, diz o cientista Joseph McFadden. “Vejo investimento na ciência para obtermos a tecnologia, mas não vejo qualquer investimento na reflexão sobre a forma como estas coisas, quando chegarem ao mercado, vão ser aceites pelo consumidor.”
“Sinto que, desde a pandemia, todos os assuntos são discutidos apenas como preto ou branco, por isso, independentemente do que encontrarmos, haverá sempre alguém que nos criticará e alguém que nos aplaudirá”, diz, mas, “no final, se o trabalho que estamos a fazer ajudar no impacto do aquecimento global, isso, para mim, é um trabalho bem feito.”