O número de manchas solares flui num ciclo previsível de 11 anos, mas um período extremamente invulgar de acalmia, em que não foi registada qualquer mancha, intrigou os cientistas durante 300 anos. Agora, uma estrela próxima pode ser capaz de explicar porque é que o Sol não teve manchas durante 70 anos.
Em média, o aparecimento de manchas solares ocorre em ciclos de 11 anos. A única exceção é o Mínimo de Maunder, que durou desde meados do século XVI até ao início do século XVII e tem deixado os astrónomos perplexos desde então.
“Não sabemos realmente o que causou o Mínimo de Maunder”, disse a investigadora Anna Baum, da Universidade de Penn State, nos Estados Unidos, citada pelo Phys.
“Identificámos uma estrela que acreditamos ter entrado num estado semelhante”, acrescentou a cientista, sublinhando que continuar a estudar este corpo celeste pode dar à equipa valiosos detalhes sobre o processo que impediu o Sol de ter qualquer mancha durante 70 anos.
A equipa da universidade norte-americana analisou seis décadas de registo de manchas estelares em 59 estrelas. A análise permitiu descobrir que 29 destas estrelas têm ciclos de manchas estelares, que muitas vezes duram mais de uma década.
As restantes estrelas não parecem ter ciclos, o que pode ser explicado pelo facto de girarem demasiado lentamente para terem um dínamo ou por estarem magneticamente “mortas”, isto é, perto do fim das suas vidas.
A estrela que parece estar numa fase semelhante ao Mínimo de Maunder é a HD 166620, que tem ciclo de cerca de 17 anos e entrou agora num período de baixa atividade, não revelando qualquer mancha estelar desde 2003.
Uma melhor compreensão da atividade superficial e do campo magnético do Sol pode ter várias implicações importantes: uma forte atividade estelar pode, por exemplo, desativar satélites e comunicações globais.
Além disso, os investigadores acreditam que novas informações podem ter impacto na procura de planetas para além do nosso Sistema Solar.
“As manchas estelares e outras formas de atividade magnética da superfície das estrelas interferem na nossa capacidade de detetar os planetas à sua volta”, explicou Howard Isaacson, cientista da Universidade da Califórnia, em Berkeley. “Melhorar a nossa compreensão sobre a atividade magnética de uma estrela pode ajudar-nos a melhorar os nossos esforços de deteção.”
Os cientistas querem continuar a analisar ao detalhe este astro para melhor compreenderem o que aconteceu ao Sol para não ter registo de qualquer mancha solar durante 70 anos.
O artigo científico com os resultados foi recentemente publicado no The Astronomical Journal.