Uma criança portuguesa de 11 anos está entre as vítimas mortais da colisão entre um autocarro e um comboio, na quinta-feira, no sudoeste de França, disse à Lusa o secretário de Estado das Comunidades.
“Temos a lamentar uma vítima. Uma criança com 11 anos de idade. As autoridades francesas, na quinta-feira à noite, não davam informação de que existiam portugueses neste acidente. Durante esta manhã recebemos a informação de que havia um ferido e, entretanto, recebemos a notícia de que acabou por falecer esta criança”, afirmou José Luís Carneiro.
O governante, que falava aos jornalistas à margem do II Encontro de Investidores da Diáspora, que decorre até sábado, em Viana do Castelo, adiantou que “os serviços consulares estão em contacto com a família e estão a procurar apurar se, eventualmente, existirá mais algum ferido, vítima deste acidente”.
“Agora compete-nos acompanhar a família e prestar-lhes todo o apoio necessário e indispensável para minorar a dor sentida”, disse.
O secretário de Estado das Comunidades disse que “por regra, não é identificado o local de origem das vítimas” por dever de reserva.
José Luís Carneiro quis, atendendo à quadra natalícia, reforçar “a importância em haver todo o cuidado nas deslocações e são muitos milhares de portugueses que regressam a Portugal”, para a quadra natalícia. “Quer na vinda, quer depois no regresso, todos os cuidados são poucos, todos os cuidados devem ser tidos em consideração”, frisou.
Segundo a France Presse, o autocarro escolar, que levava cerca de 20 adolescentes do Collège Christian-Bourquin, na vila de Millas (Pirinéus Orientais), com 13 a 17 anos, foi atingido por um comboio perto da fronteira com o Espanha e ficou cortado a meio.
O acidente provocou pelo menos cinco mortos e 18 feridos, incluindo 14 crianças.
Esta colisão foi um dos acidentes mais graves com transporte de crianças ocorridos desde a tragédia de Beaune (leste) em 1982, que provocou 53 mortos, incluindo 44 crianças, e o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, visitou o local na noite de quinta-feira com vários membros do governo.
Uma investigação por “homicídio e lesões involuntárias” foi aberta pela justiça e diversos magistrados deslocaram-se para o local da tragédia.
Hoje de manhã, o colégio local reabriu para permitir que os alunos começassem a fazer o luto. Uma unidade médico-psicológica composta por cerca de 60 pessoas foi criada para receber os alunos.
A empresa ferroviária francesa SNCF disse na quinta-feira que “de acordo com testemunhas, a passagem de nível funcionou normalmente, mas obviamente a informação deve ser confirmada pela investigação”.
Trata-se de um cruzamento de nível “clássico”, com sinalização automática e dois portões, que “não foi considerado particularmente perigoso”, considerou a companhia.
Além de uma investigação da SNCF, um outro inquérito administrativo foi igualmente aberto pelo departamento de investigação de acidentes, responsável pelos desastres aéreos e ferroviários, cujos especialistas são esperados hoje em Millas.
“Toda a gente fica marcada e o trauma vai durar”, disse o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, no regresso de Millas.
ZAP // Lusa