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Identificadas mais 48 esquadras chinesas ilegais. A maioria é em Itália

No total, já foram identificadas 102 esquadras ilegais chinesas a operar em 53 países, sobretudo na Europa e na América do Sul. O objectivo das esquadras será identificar opositores ao Governo de Pequim que estão a viver no estrangeiro e repatriá-los.

A Organização Não-Governamental (ONG) Safeguard Defenders denunciou a existência de mais 48 esquadras ilegais chinesas que estarão a operar na Europa. No total, já foram identificadas 102 esquadras espalhadas por 53 países, sobretudo na Europa e na América do Sul, incluindo três em Portugal.

As esquadras terão como objectivo identificar chineses opositores do Governo de Pequim que estejam a viver no estrangeiro e obrigá-los a regressar à China de forma ilegal. Itália é o país com mais esquadras, acolhendo 11 das 48 identificadas mais recentemente, relata o The Guardian. Foram também detectadas as primeiras esquadras na Croácia, Sérvia e Roménia.

De acordo com a Safeguard Defenders, estas esquadras são usadas para “assediar, ameaçar, intimidar e forçar os cidadãos a voltar para a China para serem julgados”. A ONG chegou a estes números tendo por base dados do Governo chinês disponíveis publicamente e avança que, apesar de algumas das esquadras não terem ligações directas a Pequim, mostravam na mesma seguir “ordens claras” do Governo.

“Nós monitorizamos os dados chineses e em Abril encontramos informações do Ministério de Informações Públicas que mostraram que 210 mil pessoas foram persuadidas a voltar à China em apenas um ano”, afirma Laura Harth, directora da campanha da Safeguard Defenders.

O relatório revela ainda que apesar de ter o maior número de esquadras, Itália é um dos poucos países europeus que ainda não anunciou uma investigação pública ao caso. Até ao momento, 14 países já abriram investigações, incluindo Portugal.

A ONG aponta que há países, como os EUA, o Canadá, os Países Baixos e a Suécia, que estão a levar a situação mais a sério, enquanto que outros, como Espanha, têm investigações menos aprofundadas.

A China tem negado as acusações, afirmando que estes escritórios são apenas estações de apoio aos cidadãos que precisem de ajuda com procedimentos burocráticos, como renovar um passaporte ou uma carta de condução, ou ajudar a população que queira voltar ao país de origem mas que esteja impedida devido às restrições impostas pela pandemia.

Esquadras em Portugal

O caso veio inicialmente a público em Portugal pela voz de João Cotrim de Figueiredo no Parlamento. O deputado da Iniciativa Liberal denunciou a existência de esquadras deste tipo em Portugal, algo que foi posteriormente comprovado. O primeiro-ministro confessou na altura que não sabia do caso.

O relatório da Safeguard Defenders refere que o número de esquadras em Portugal se mantém nas três — em Lisboa, no Porto e na Madeira. No entanto, adianta mais um detalhe sobre a esquadra lisboeta, que estará a ser gerida pela polícia da província de Qingtian, no sudeste da China. Já as esquadras do Porto e da Madeira serão da responsabilidade das autoridades de Fuzhou, revela o Expresso.

A Unidade Nacional de Contraterrorismo da Polícia Judiciária está a trabalhar com os procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) na investigação do caso.

Ainda não há arguidos e as fontes policiais ainda não terão identificado casos de chineses em Portugal que tenham sido forçados a voltar para a China. No entanto, a embaixada da China em Lisboa foi referenciada por polícias estrangeiras por poder estar a apoiar a actuação destas esquadras.

Adriana Peixoto, ZAP //

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