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Descobertos mais de 200 mil vírus desconhecidos nas profundezas dos oceanos

Timothywildey / Flickr

Os oceanos escondem todos os tipos de segredos e incógnitas nas profundezas – como os 195.728 vírus que os cientistas acabaram por encontrar durante uma expedição para avaliar a vida marinha.

Antes disso, só sabíamos definitivamente da existência de cerca de 15 mil desses vírus oceânicos. Os investigadores dizem que as descobertas podem ensinar mais sobre tudo: desde a evolução da vida no planeta até as consequências da mudança climática.

A investigação é baseada em amostras recolhidas entre 2009 e 2013 por uma tripulação a bordo da Tara, uma embarcação que passou mais de uma década na água a investigar a ciência do oceano e as pistas que nos pode dar sobre como o nosso mundo está a evoluir.

“Vírus são pequenas coisas que nem se consegue ver, mas como estão presentes em números tão grandes, realmente importam”, disse um dos integrantes da equipa, Matthew Sullivan, da Ohio State University.

“Desenvolvemos um mapa de distribuição que é fundamental para quem quer estudar como os vírus manipulam o ecossistema. Houve muitas coisas que nos surpreenderam com as nossas descobertas”.

Apesar do grande número de vírus descobertos e da vasta complexidade das regiões oceânicas do mundo, a equipa conseguiu dividir os vírus em cinco zonas ecológicas distintas – todas as profundezas do Ártico e da Antártica, e três profundidades distintas do temperado e regiões tropicais.

Na verdade, o Oceano Ártico – onde os investigadores não esperavam a maior biodiversidade – acabou por ser um inesperado ponto de vida. Tudo isto contribui para a nossa compreensão sobre como os vírus se espalham pelo planeta.

Os cientistas estimam que existem muitas dezenas de milhões de vírus no oceano, muitos dos quais podem existir fora da água também – e até mesmo nos nossos próprios corpos. Ser capaz de identificar mais pode ensinar mais sobre a própria vida, não apenas sobre a vida submersa.

Para os propósitos deste estudo, além de detetar novos vírus encontrados em amostras de água de profundidades de até quatro mil metros, os investigadores também identificaram, segundo o estudo publicado na revista Cell, novas linhagens ao analisar outros micróbios e seres vivos que se instalaram nos oceanos.

A abrangência da nova investigação também é importante porque ajuda os cientistas a calcular com mais precisão o balanço de oxigénio e dióxido de carbono na atmosfera – organismos marinhos ajudam a reciclar oxigénio, enquanto os oceanos absorvem e armazenam muito CO2.

Mais vida abaixo da superfície da água significa mais CO2 convertido em carbono orgânico e biomassa, armazenado no fundo do mar – em vez de CO2 a acidificar os oceanos e a matar a vida marinha.

“Ter um novo mapa de onde os vírus estão localizados pode ajudar a entender essa bomba de carbono oceânico e, mais amplamente, a biogeoquímica que afeta o planeta”, disse Sullivan. “Modelos anteriores de ecossistemas oceânicos geralmente ignoram micróbios e raramente incluem vírus, mas agora sabemos que são um componente vital”.

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