O porta-voz do Ministério do Interior iraquiano disse este sábado que 104 pessoas, incluindo oito polícias, foram mortas durante os protestos em Bagdad e no sul do país, num novo balanço sobre a contestação iniciada na terça-feira.
Saad Maan adiantou que 6.107 outras, incluindo mais de 1.200 elementos das forças de segurança, ficaram feridas nos confrontos. O anterior balanço, da Comissão governamental dos Direitos Humanos do Iraque, era de pelo menos 99 mortos e perto de 4.000 feridos.
As manifestações espontâneas de jovens iraquianos exigindo empregos e o fim da corrupção endémica no país degeneraram em confrontos, tendo a Amnistia Internacional (AI) denunciado o recurso a munições reais por parte das autoridades para dispersar os contestatários.
O Governo iraquiano anunciou este sábado um decreto com 17 medidas sociais em resposta às reivindicações dos manifestantes e para tentar acabar com a contestação, que vão da ajuda ao alojamento à atribuição de pensões aos jovens sem emprego.
Num conselho extraordinário, o Governo de Adel Abdel Mahdi aprovou ajudas de 175.000 dinares (à volta de 136 euros) durante três meses para 150.000 desempregados e pessoas sem possibilidade de trabalhar e decidiu lançar um programa de formação para 150.000 desempregados.
Foi ainda decidida a construção de 100.000 habitações, depois de em setembro as autoridades locais de várias regiões do país terem iniciado a destruição de casas situadas em bairros clandestinos, onde vivem três milhões de iraquianos, que construíram sem autorização em terrenos do Estado.
O executivo ordenou também a instalação de espaços para os vendedores ambulantes, numa tentativa de criar empregos, nomeadamente entre os jovens, dos quais um quarto está desempregado no Iraque.
Além disto, as autoridades, que acusam “sabotadores” e “homens armados não identificados” infiltrados de dispararem sobre os manifestantes e as forças de segurança, anunciaram que registaram as pessoas mortas nos protestos na lista de “mártires”, o que dará aos seus familiares o direito de pedir indemnizações.
// Lusa