Há 100 empresas suspeitas de participar no esquema de corrupção da Altice

4

// António Pedro Santos / Lusa

Patrick Drahi, proprietário e presidente da Altice (esq), Armando Pereira, co-fundador da empresa (dir)

A informação foi avançada pelo próprio presidente da Altice, numa apresentação dos resultados da empresa. A maioria das empresas envolvidas opera em Portugal.

Cerca de 100 empresas foram identificadas pelas autoridades portuguesas como suspeitas de estarem envolvidas no esquema de corrupção que envolve a gigante de telecomunicações Altice, na “Operação Picoas”.

A informação foi divulgada por Patrick Drahi, fundador e presidente da Altice, durante uma apresentação dos resultados financeiros da empresa.

A investigação centra-se em suspeitas de viciação de processos de contratação, pagamento de vantagens indevidas, venda de património da empresa com prejuízo e desvio de dinheiro.

O esquema teria sido realizado através de uma rede complexa de empresas, muitas ligadas a Hernâni Antunes, colaborador próximo de Armando Pereira, ex-presidente da Altice Portugal com muitas ligações a negócios em França.

No relatório policial recebido pela Altice, Drahi revelou que cerca de 100 empresas, em diferentes jurisdições mas maioritariamente a operar a partir de Portugal, eram referidas.

A Altice mantinha relações com apenas 10 destas empresas quando as investigações foram tornadas públicas. A empresa imediatamente suspendeu os pagamentos a estas firmas e já substituiu a maioria por novos fornecedores.

Além das empresas, o relatório também menciona vários indivíduos, alguns conhecidos pelo grupo de telecomunicações, mas a maioria desconhecida. A Altice suspendeu 15 trabalhadores em Portugal, França e Estados Unidos e lançou investigações em diversos países, refere o Público.

A ligação de Armando Pereira com a Altice foi esclarecida por Drahi, afirmando que Pereira deixou o cargo em Portugal em 2017, mas manteve-se vinculado ao grupo através de França. A sua consultoria também terminou em julho de 2023.

A empresa quis também passar uma mensagem de tranquilidade aos investidores, assegurando que o impacto dos alegados esquemas de corrupção será reduzido, tanto reputacional quanto financeiramente.

No entanto, os administradores admitiram que algumas operações foram afetadas pelas investigações em curso, incluindo o atraso na venda de centros de dados em Portugal e França.

A Altice continua com os planos de reduzir a sua dívida substancial de quase 55 mil milhões de euros, mas o escândalo de corrupção está a dificultar o processo, tendo atrasando algumas vendas e lançando uma nuvem de incerteza sobre o futuro da empresa.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

4 Comments

  1. Ponham ai o nome das empresas, para que se saiba quem são os gajos que me vão fazer pagar estas fraudes, porque no fim estas falcatruas são pagas sempre pelos mesmos lorpas.

  2. E a história repete-se.

    É pena sermos um pais nos tops do turismo e organização de eventos, mas continuamos na cauda da Europa
    em termos de combate à corrupção.

    Não faz mal que o zé está cá para pagar a fatura.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.