Mona Lisa lidera as duas listas recentes que espreitámos. Mas a partir do segundo lugar as diferenças são evidentes.
Publicámos recentemente um artigo sobre o efeito neurológico único provocado pelo quadro Rapariga com Brinco de Pérola.
Essa obra muito conhecida de Johannes Vermeer estaria no top-10 dos quadros mais famosos? Fomos procurar.
Há uma lista publicada recentemente, no final de 2023, pela Time Out.
Sem surpresas, Mona Lisa está no primeiro lugar. A obra-prima do multifacetado Leonardo Da Vinci trouxe técnicas artísticas inovadoras, trouxe mistério, trouxe uma expressão enigmática – ainda hoje explorada tantas vezes. E é das raras obras de Da Vinci que foge à religião. Dizemos nós.
No segundo lugar está… Rapariga com Brinco de Pérola. O já mencionado quadro de Johannes Vermeer, um mestre na manipulação da luz e da cor. Um realismo impressionante misturado – de novo – com uma expressão misteriosa, enigmática. Parece que a rapariga está sempre a olhar para nós.
Vincent Van Gogh aparece a fechar o pódio, com a conhecida A Noite Estrelada, de que falámos também recentemente a propósito da sua física. Uma sensação de vida, de movimento, as cores vibrantes, a solidão ali inserida. Sem esquecer que Van Gogh estava internado, voluntariamente, num hospital psiquiátrico – e foi lá que pintou este quadro.
O quarto posto é entregue a Gustav Klimt e ao seu O Beijo. Com folhas de ouro, efeito brilhante, até de luxo. Um efeito impressionante a nível visual, ao vermos um casal abraçado de forma tão íntima.
O Nascimento de Vénus está na quinta posição. Sandro Boticelli foi revolunionário nesta época da Renascença, ao ilustrar um assunto não religioso. A beleza divina surge através de uma gama cromática suave e uma luz fria e neutralizante.
No sexto posto está Retrato da Mãe do Artista, uma inovação artística de James Abbott McNeill Whistler. Um ícone da maternidade, dos valores relacionados com a família – e sim, é mesmo a mãe de Whistler que está ali representada. Um quadro que até foi rejeitado pela Royal Academy of Arts em Londres, mas foi depois adquirido pelo Governo de França (está em Paris).
Continuamos em família: no sétimo lugar fica O Casal Arnolfini, o quadro mais famoso de Jan van Eyck. É uma das primeiras pinturas a óleo de que há registo. A riqueza de detalhes é outra, o detalhe e o realismo impressionam. E abundam os símbolos engimáticos.
Hieronymus Bosch fica com o oitavo lugar, com O Jardim das Delícias Terrenas, um tríptico que aborda a criação do mundo, o paraíso, o inferno, o pecado… Até há a sugestão de sexo – lá está, uma das “delícias terrenas”.
A nona posição vai para Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte. Há tanto para analisar neste quadro de Georges-Pierre Seurat. Um exemplo evidente do impressionismo, com direito a pontilhismo e uma composição meticulosa. O pintor terá criado 60 estudos preparatórios ao longo dos dois anos que gastou nesta obra. Um retrato da vida moderna quase inigualável.
Por fim, Les Demoiselles d’Avignon. O intocável Pablo Picasso no décimo lugar, com esta revolução artística. O cubismo passou a fazer parte da pintura. Picasso desafiou as convenções artísticas daquela época, num estilo claramente novo. Com cinco mulheres nuas num bordel, foi um choque cultural e social, uma revolução na arte moderna.
Já na lista da CNN, elaborada em 2021, há algumas diferenças.
A estação televisiva foi até ao Google para perceber que quadros foram mais pesquisados no mundo inteiro, nos cinco anos anteriores.
Mona Lisa continua a liderar, mas o segundo lugar também vai para Leonardo Da Vinci. Sim, para A Última Ceia.
O terceiro lugar também é igual – A Noite Estrelada – e também repetem presença O Beijo, Rapariga com Brinco de Pérola e O Nascimento de Vénus.
Mas há outras quatro novidades: O Grito (Edvard Munch), Guernica (Picasso), As Meninas (Diego Velázquez) e Criação de Adão (Miguel Ângelo).
Ou seja, saem desta lista Retrato da Mãe do Artista, O Casal Arnolfini, O Jardim das Delícias Terrenas, Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte e Les Demoiselles d’Avignon. Curiosamente todas abaixo do sexto lugar, o que significa que há um certo consenso no top-5 da Timeout, embora em posições diferentes.
Eu diria que a Persistência da Memória, de Dali, e O Filho do Homem, de Magritte, também seriam bons candidatos…