Cientistas tentam salvar o peixe mais estranho da Terra

O biólogo Yannis Papastamatiou coloca um localizador acústico num peixe-serra

É um tubarão? É uma moto-serra? O Pristis pectinata mais parece um cruzamento dos dois, e é candidato a mais estranho peixe do mundo.

Apesar de ter um parentesco próximo com o tubarão, este grupo de habitantes marinhos na realidade pertence à família das arraias.

A serra do Pristis pectinata, o peixe-serra de dentes pequenos, é uma arma impressionante, usada para procurar alimentos, assim como para entrar em duelos. Muitos ostentam vários ferimentos, um sinal de que também se atacam entre si, por motivos ainda desconhecidos.

Estes peixes gigantescos – podem atingir mais de 7,5 metros — eram abundantes nos oceanos das Américas.

Infelizmente, esta espécie tão intrigante é extremamente rara, e está em estado crítico de extinção.

Mas, recentemente, um grupo de cientistas conseguiu obter informações inéditas sobre o habitat destes animais, e espera agora poder ajudá-los a sobreviver.

Descobertos na Florida

Num artigo publicado na Global Ecology and Conservation, a equipa de investigadores, liderada pelo biólogo Yannis Papastamatiou, da Universidade de St. Andrews, na Grã-Bretanha, revela ter encontrado o último recanto dos oceanos onde estes estranhos peixes ainda vivem.

A equipa marcou e rastreou mais de 20 peixes-serra de dentes pequenos, para tentar conhecer melhor os seus hábitos, e acabou por descobrir que eles passam a maior parte do tempo na Baía da Florida, no sul deste Estado americano.

Sandra J. Raredon / Smithsonian NMNH

Pristis pectinata, o estranho peixe-serra de dentes pequenos

Pristis pectinata, o estranho peixe-serra de dentes pequenos

É um animal fascinante, mas que pouca gente conhece. Queremos promovê-lo mais e chamar a atenção para a sua situação de perigo”, diz Papastamatiou, em entrevista à BBC, porque “apenas conhecendo melhor o seu habitat, os ambientalistas poderão evitar que a espécie seja totalmente extinta”.

Até à data, os cientistas não tinham a certeza se a baía seria um local fixo ou de passagem para estes peixes. Ficou agora provado que os peixes-serra de dentes pequenos passam muitos meses na região.

Resultados animadores

“Conseguimos seguir cada espécime, saber que exemplar esteve num dado sítio e quando. Como os chips electrónicos funcionam durante vários anos, queremos obter um mapa do movimento dos peixes-serra ao longo de um grande intervalo de tempo”, explica o cientista.

O clima subtropical da Baía da Florida pode ser fundamental para a sobrevivência da espécie.

“Os resultados são animadores. Temos indícios de que o número de animais está a aumentar, e temos esperanças de poder salvá-los”, afirma o biólogo.

O próximo passo será agora tentar descobrir mais detalhes sobre o comportamento do peixe-serra no seu habitat, assim como sensibilizar melhor a população sobre o seu risco de extinção.

ZAP / BBC

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