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Zuckerberg admite culpas em matérias de violência infantil

Anthony Quintano / Wikimedia; Mark Knol / Flickr

Mark Zuckerberg, CEO da Meta – empresa que detém o Whatsapp, o Facebook e o Instagram

Mark Zuckerberg pediu, esta quarta-feira, desculpas no Senado dos Estados Unidos da América (EUA), numa discussão sobre os vários tipos de violência infantil que as redes sociais praticam.

Os presidentes executivos (CEO) da Meta, TikTok, X (antigo Twitter) e outras empresas de redes sociais compareceram, esta quarta-feira, no comité judiciário do Senado dos EUA – que reuniu legisladores e pais preocupados com os efeitos das redes sociais em crianças e jovens.

Predadores sexuais, recursos viciantes, suicídio e transtornos alimentares, padrões de beleza irrealistas ou assédio moral são apenas algumas das questões com que os jovens lidam nas redes sociais, e defensores de crianças e legisladores dizem que as empresas não estão a fazer o suficiente para protegê-las.

A audiência do comité judiciário do Senado, que começou com a divulgação de depoimentos gravados de pais e crianças, que disseram que os seus filhos ou os próprios foram explorados nas redes sociais.

Durante todo o evento, que durou horas, pais que perderam filhos por suicídio seguraram silenciosamente fotos dos mortos.

“Eles são responsáveis por muitos dos perigos que nossos filhos enfrentam online”, disse Dick Durbin, da maioria democrata no Senado dos EUA, que preside ao comité, no seu discurso de abertura.

“As escolhas de ‘design’, as falhas em investir adequadamente em confiança e segurança, a busca constante por aliciamento e lucro em detrimento da segurança básica colocaram nossos filhos e netos em risco”, acrescentou.

Numa acalorada sessão com Mark Zuckerberg, o senador republicano do Missouri Josh Hawley perguntou ao CEO da Meta se compensou pessoalmente alguma das vítimas e suas famílias pelo que passaram. “Acho que não”, respondeu Zuckerberg.

Zuckerberg pediu desculpa às famílias

O senador afirmou que estavam presentes famílias de vítimas e questionou o fundador do Facebook se gostaria de lhes apresentar desculpas. Enquanto os pais se levantavam e mostravam as fotos, Zuckerberg pediu-lhes desculpas pelo que passaram, relatou a agência Associated Press.

A Meta está a ser processada por dezenas de estados norte-americanos que afirmam que projeta deliberadamente recursos no Instagram e no Facebook que fomentam o vício nas crianças e não consegue protegê-las de predadores online.

A empresa reforçou seus recursos de segurança infantil nas últimas semanas, anunciando no início do mês que começará a ocultar conteúdo impróprio de contas de adolescentes no Instagram e no Facebook, incluindo publicações sobre suicídio, automutilação e distúrbios alimentares.

Também restringiu a capacidade de menores de receber mensagens de qualquer pessoa e adicionou incentivos para desencorajar os adolescentes de navegar em vídeos ou mensagens do Instagram durante a noite.

Contudo, os defensores da segurança infantil consideram que estas ações da são insuficientes, e que este tipo de empresas falham repetidamente na proteção dos menores.

Twitter (agora X) “não é para crianças”

Linda Yaccarino disse que a X não de destina a crianças – “Não temos um ramo de negócios dedicado às crianças”, considerou.

Por sua vez, a Snapchat apoiou um projeto de lei federal para a criação de responsabilidade legal para aplicações e plataformas sociais que recomendem conteúdo prejudicial para menores. O CEO da rede social, Evan Spiegel, pediu à indústria para apoiar o projeto.

Por seu turno, a presidente da TikTok, Shou Zi Chew, disse que a empresa está vigilante em fazer cumprir a sua política que proíbe crianças menores de 13 anos de usar a aplicação.

O canal de vídeos YouTube da Google está ausente da lista de empresas convocadas para a audiência do Senado, embora mais crianças usem o YouTube do que qualquer outra plataforma, de acordo com o Pew Research Center.

O centro de pesquisa descobriu que 93% dos adolescentes norte-americanos usam o YouTube, com o TikTok num distante segundo lugar, com 63%.

Republicanos e democratas unidos

Senadores republicanos e democratas uniram-se numa rara demonstração de concordância durante a audiência, embora ainda não esteja claro se isso será suficiente para aprovar legislação como a Lei de Segurança Online para Crianças, proposta em 2022 pelos senadores Richard Blumenthal (democrata), do Connecticut, e Marsha Blackburn (republicana), do Tennessee.

O senador da Carolina do Sul Lindsay Graham, principal republicano no comité judiciário, fez eco dos sentimentos de Dick Durbin e disse estar preparado para trabalhar com os democratas para resolver a questão.

Os senadores concluíram que as plataformas de redes sociais já enriqueceram vidas, mas que é hora de lidar com “o lado negro” da coisa.

ZAP // Lusa

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