Um vulcão subaquático, localizado a cerca de um quilómetro abaixo da superfície ao largo da costa do Pacífico do Canadá, está a expelir um fluído quente e a proporcionar um viveiro perfeito para uma espécie de raia pouco conhecida.
Antes de realizarem a expedição ao local, a equipa de cientistas responsável por esta descoberta pensava que o vulcão estava extinto e que as águas circundantes eram geladas. Mas enganou-se.
A montanha submarina, que se eleva a 1.100 metros acima do fundo do mar, está a expelir um fluido quente e rico em minerais que mantém a água aquecida, proporcionando as condições ideais para algumas criaturas marinhas sobreviverem nas profundezas do mar.
É o caso da raia branca do Pacífico (Bathyraja spinosissima), que tem enchido o cume do vulcão subaquático de ovos gigantes.
“É um lugar muito especial no topo de um lugar muito especial”, referiu Cherisse Du Preez, bióloga marinha da Fisheries and Oceans Canada e investigadora da expedição, ao Live Science. “A única descoberta de um viveiro de raias brancas do Pacífico foi nas Galápagos e acho que era da ordem de uma dúzia ou duas de ovos.”
O viveiro recentemente encontrado é muito maior. “Eu estimaria que o cume tinha – não sei – 100.000? Um milhão?“, acrescentou a investigadora, acrescentando que os ovos medem cerca de 0,5 metros de diâmetro.
No vídeo da expedição, é possível observar, pela primeira vez, imagens de uma raia branca do Pacífico a pôr ovos.
A raia branca do Pacífico é uma das espécies de raias mais profundas, já que habitam a profundidades entre os 800 e os 2900 metros ao largo da costa ocidental da América do Norte e Central. As fêmeas adultas, que podem crescer até 2 metros de comprimento, põem ovos retangulares, conhecidos como “bolsas de sereia“.
Em 2018, uma equipa de cientistas descobriu vários ovos perto de fontes hidrotermais nas Ilhas Galápagos, uma descoberta que sugere que as fêmeas aproveitam o calor vulcânico para incubar os ovos. As novas observações apontam para a mesma conclusão.
“São necessários quatro anos para que as crias se desenvolvam”, explicou Du Preez. “Provavelmente, a água quente acelera o período de gestação dos ovos. O cume pouco profundo do monte submarino é quase um jardim de corais e um viveiro seguro para os animais crescerem antes de descerem para as profundezas – no fundo, trata-se de uma situação onde todos ganham.”