Vizela 0-1 Porto | Marcano salva dragão do tropeção

Manuel Fernando Araújo / Lusa

As recentes visitas do Porto a Vizela renderam sempre (pelo menos) quatro golos. Mas desta vez não foi bem assim.

Os minhotos apareceram bem organizados defensivamente e perigosos no contra-ataque, por oposição a um dragão aparentemente amolecido.

Conceição mexeu muito a partir do banco mas acabou por ser um homem que muitos portistas nem gostam de ver no “onze” a salvar o campeão de um empate em vésperas de jogo grande frente ao Sporting.

Sérgio Conceição avançou para Vizela com o mesmo “onze” que abriu a Liga a golear mas a intensidade ficou às portas do concelho minhoto.

O Vizela ia mostrando boa organização defensiva bem como os olhos postos no contra-ataque, com Nuno Moreira a terminar o primeiro tempo como o mais rematador da casa (2).

Já entre os dragões era Uribe que recolhia ao balneário no topo (3 remates), o que ilustra bem as dificuldades azuis-e-brancas em furar a defesa vizelense.

Com Otávio no banco e Vitinha vendido, não admirava ver os “azuis-e-brancos” desaparecidos, num dos capítulos onde mais se destacaram em 21/22 (vide próximo tweet), ou não fossem aqueles jogadores os principais protagonistas do campeão em título, nessa matéria.

A segunda parte trouxe, em pouco tempo, a animação que não se havia visto em toda a primeira etapa. Conceição lançou Otávio (no lugar de Uribe) e Veron (rendeu Loader)

E foi precisamente o segundo a protagonizar uma clara ocasião de golo, a passe de João Mário, que Buntic defendeu.

Instantes depois Bondoso isolava-se pela direita e solicitava Nuno Moreira, que falhou a execução do remate, no coração da área portista. O mote para uma segunda parte mais “rasgadinha” estava lançado.

Mas a verdade é que o tempo ia passando e o Porto não conseguia encontrar (ou sequer ameaçar claramente) a baliza adversária.

Conceição ia tentando um pouco de tudo, lançando Eustáquio, Toni Martínez e Galeno em jogo.

E seria precisamente o brasileiro a fazer respirar a nação portista, quando cruzou uma bola parada para a cabeça certeira de Iván Marcano, mesmo em cima dos 90 minutos.

O Porto somava assim três pontos muito difíceis, com um golo decisivo de um jogador que, mesmo não recolhendo muito carinho por parte dos adeptos, vai protagonizando um arranque muito interessante nesta temporada.

Melhor em Campo

O decisivo golo bastaria para justificar o prémio mas a verdade é que não foi “só” por isso que o espanhol Iván Marcano se destacou.

Não falhou uma disputa aérea ofensiva (como aliás é o seu histórico) e somou sete acções defensivas, com três intercepções e quatro alívios, capítulos onde ninguém somou mais do que ele.

Terminou também no topo de recuperações de posse (9) e foi o único jogador do Porto a terminar a partida com mais de 90%  de eficácia de passe. É mau? Que faria se fosse bom.

Destaques do Vizela

Nuno Moreira 6.8

O extremo formado no Sporting já havia dado a vitória na primeira jornada e hoje foi novamente um quebra-cabeças perigoso para o adversário. Rematou (2), passou para remate (2) e terminou o jogo como rei do drible (4 em 6). Um pontapé na atmosfera, ainda na primeira parte, tirou brilho a uma exibição que podia ter sido memorável.

Bruno Wilson 6.5

Outro produto da academia do próximo adversário do Porto, Wilson não deu grandes veleidades ao ataque portista, vencendo 5 em 6 duelos aéreos defensivos e somando 12 alívios. Tiveram de chamar o homólogo Marcano para o bater.

Kiko Bondoso 6.3

Saiu tocado aos 77 minutos mas fez quase sempre dupla com Nuno Moreira na hora de assustar a defesa portista. Kiko ofereceu aliás uma grande ocasião a Moreira, ainda na primeira parte. Tocou apenas 21 vezes na bola mas não a perdeu uma única vez e não falhou um passe (em 11). Uma folha de serviço rara, ainda para mais contra um “grande”.

Tomás Silva 6.0

Deu muito trabalho a Zaidu e fartou-se de trabalhar defensivamente, com 15 acções defensivas.

Kiki Afonso 6.0

Em Vizela mora um Kiko e um Kiki e ambos jogaram bem. Kiki foi mais um protagonista do bom trabalho defensivo vizelense, terminando o jogo com seis desarmes, o máximo da partida.

Destaques do Porto

Grujic 6.7

Muitos portistas podem não ter-se apercebido mas o médio terminou no topo em passes para finalização (3) tendo sido também o jogador que mais perigo ofereceu através do passe (0.3 Expected Assists). A isso somou ainda três desarmes e duas intercepções e só jogou 59 minutos.

João Mário 6.5

O melhor lateral do Porto jogou apenas 65 minutos, talvez porque, fazendo um bom jogo em alguns aspectos (ninguém somou mais conduções aproximativas, 4) não foi tão produtivo na “oferta” de ocasiões para os remates (apenas um passe para finalização). Acabou rendido por Galeno, que foi determinante na vitória.

Zaidu 6.2

O homem de extremos. Ninguém perdeu mais posses (23), mas também ninguém cruzou mais (6) ou entregou mais cruzamentos (2). Conceição considerou o balanço positivo pois manteve-o em campo todo o jogo e a verdade

Galeno 6.1

Saltou do banco para decidir, nos últimos 25 minutos do jogo e conseguiu acabar com o máximo de conduções aproximativas (5) e assistir o golo, num dos dois passes para finalização que somou.

Pepe 5.9

Mais vistoso na primeira parte, fez ainda assim um bom jogo e foi o único jogador a fechar com 100 acções com bola. O destaque vai para os 64 passes certos e os cinco duelos aéreos defensivos ganhos (em sete). O “miúdo” continua forte.

Taremi 5.9

Não esteve propriamente desaparecido mas quase, sobretudo comparado com o nível que tem mostrado. Somou apenas dois remates, nenhum passe para finalização. Destacou-se sobretudo pelo drible (2/3) e duelos aéreos (2/5).

Veron 5.4

Foi chamado na segunda parte para mexer com o jogo e até ameaçou fazê-lo logo aos 46 minutos mas não voltou a aparecer. Fechou com um remate em 24 acções com bola e sem qualquer passe para finalização ou drible.

Loader 5.3

Um dos sacrificados ao intervalo, com justificação nos números. Muito activo nos dois jogos oficiais anteriores, recolheu ao balneário com apenas 13 acções com bola, um passe para finalização e zero remates.

Uribe 5.0

Até terminou a primeira parte como o mais rematador do jogo (3) mas nem isso evitou a substituição no descanso, finda uma primeira parte em que somou apenas uma acção defensiva e nenhum passe digno de registo.

Evanilson 4.6

Provavelmente o pior jogo que vimos do avançado: 0 acções ofensivas significativas e apenas 18 acções com bola em toda a primeira parte, com sete delas a terminarem em posse do adversário.

Resumo

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