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Yulia Navalnaya, viúva de Alexei Navalny, a discursar no Parlamento Europeu
A viúva do opositor de Vladimir Putin teme que o funeral, marcado para esta sexta-feira, seja o palco de mais uma onda de detenções.
Yulia Navalnaya, viúva do líder da oposição russa Alexei Navalny, revelou que teme que o Presidente russo Vladimir Putin ordene prisões durante o funeral do seu marido, marcado para sexta-feira.
Num discurso no Parlamento Europeu em Estrasburgo, Navalnaya relatou ter passado os últimos 12 dias uma colónia penal no Ártico a tentar recuperar o corpo das autoridades russas. A equipa de Navalny anunciou que o funeral será em Moscovo na sexta-feira.
“Não tenho certeza se será pacífico ou se a polícia vai prender aqueles que vierem despedir-se do meu marido”, admitiu aos eurodeputados. A cerimónia será numa igreja ortodoxa numa área residencial no sudeste de Moscovo, e Navalny será enterrado num cemitério local.
O anúncio surge após uma disputa de 12 dias entre as autoridades russas, que hesitavam em permitir o funeral com medo que se tornasse um comício de protesto, e a família do político, representada pela mãe de Navalny, Lyudmila.
Navalnaya, vestida de preto e branco, fez um discurso emocionante no Parlamento, pedindo que Putin fosse responsabilizado pela morte do seu marido, pelos crimes do seu regime e pela “guerra brutal e traiçoeira” na Ucrânia.
“Sob as suas ordens, Alexei foi torturado três anos, passou fome numa pequena cela de pedra isolada do mundo exterior e teve as suas visitas, telefonemas e até cartas negadas — e depois eles mataram-no, mesmo depois disso abusaram do seu corpo e abusaram da sua mãe”, disse Navalnaya.
Navalnya também relembrou como, três anos antes, ela e o marido trouxeram os filhos a Estrasburgo, uma das suas “cidades favoritas”, enquanto ele recuperava na Alemanha depois de ter sido envenenado. “Agora o meu marido está morto. Estou de volta a Estrasburgo, mas não estou a passear com a minha família”, lamentou.
A viúva do opositor russo apelou ainda a que os responsáveis políticos tratem Putin como um chefe de crime organizado. “Não podem atingir Putin com outra resolução ou outra onda de sanções em nada diferente das anteriores. Não podem derrotá-lo ao pensarem que é um homem com princípios. Não estão a lidar com um político, mas com um mafioso maldito”, ressalvou.
Navalnaya recebeu vários aplausos espontâneos e uma ovação de pé no fim do discurso, relata o Politico.
A ex-secretária de imprensa do falecido político, Kira Yarmysh, convidou também os apoiantes de Navalny a comparecerem ao funeral, enfatizando que as pessoas devem chegar com antecedência. A equipa de Navalny relata também que as agências funerárias foram proibidas de trabalhar com eles.
Além de receio, tenho a certeza.
São assim os déspotas.