Viúva do escritor e dissidente chinês Liu Xiaobo está desaparecida há um mês

David Chang / EPA

Liu Xiaobo, Nobel da Paz em 2010, foi libertado após diagnóstico de cancro em fase terminal

Um advogado norte-americano acusou o regime chinês de ser responsável pelo desaparecimento e detenção da viúva do dissidente e prémio Nobel da Paz Liu Xiaobo e anunciou ter apresentado queixa junto das Nações Unidas.

Liu Xia “está guardada pelas autoridades chinesas num local desconhecido” desde 15 de julho, dia do funeral do opositor, afirma o texto de Jared Genser, advogado do casal, entregue ao Grupo de Trabalho sobre Desaparecimentos Forçados ou Involuntários da ONU.

“Exijo que as autoridades chinesas apresentem imediatamente prova de que Liu Xia está viva e que lhe autorizem um acesso sem restrições à família, amigos, advogados e à comunidade internacional”, adianta Genser.

Liu Xia, 56 anos, foi colocada em prisão domiciliária no seu apartamento de Pequim depois de Liu Xiaobo ter sido galardoado com o prémio Nobel da Paz em 2010, após ter sido condenado a 11 anos de prisão por subversão por ter exigido reformas democráticas na China. A mulher nunca foi alvo de qualquer condenação ou processo.

Segundo Genser, desde a véspera da morte do marido que Liu Xia não contacta com qualquer dos seus familiares.

O regime comunista divulgou fotografias da viúva durante o funeral de Liu Xiaobo, mas desde então nunca disse onde se encontrava. Pequim nunca reconheceu que Liu Xia está privada de liberdade.

Amigos da família disseram esta quinta-feira que Liu Xia está em Pequim sob vigilância, desconhecendo-se exatamente onde e com quem. Adiantam que o regime mantém a viúva incomunicável para evitar que “conte ao mundo o ocorrido” consigo e com o marido.

Liu Xiaobo morreu aos 61 anos com um cancro no fígado num hospital do nordeste da China, a 13 de julho, algumas semanas após ter sido colocado em liberdade condicional por razões de saúde.

Pequim, acusado de ser responsável pela degradação do seu estado de saúde, recusou que fosse tratado no estrangeiro.

ZAP // Lusa

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