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O vírus do herpes pode ser responsável por mais de metade dos casos de Alzheimer

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Elisa Paolini / Flickr

Um estudo recente indica que o número de casos de demência é muito maior em pessoas infetadas pelo vírus do herpes e que o tratamento antiviral contra o herpes pode ajudar a diminuir esse risco no futuro.

Mais de 30 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem da doença de Alzheimer – a forma mais comum de demência. Não há cura para esta condição, no entanto, uma investigação, liderada por Ruth Itzhaki e publicada este mês na revista científica Frontiers in Aging Neuroscience, sugere que o vírus do herpes está ligado a metade de todos os casos de Alzheimer.

O estudo explica ainda que várias investigações realizadas em Taiwan, entre 2017 e 2018, deram conta de que certos medicamentos antivirais, administrados a pacientes com infeções graves pelo vírus do herpes, reduziram em grande escala o risco de demência nestes doentes.

Itzhaki, da Universidade de Manchester, na Inglaterra, adianta que estes resultados “incluem evidências de que o risco de demência senil é muito maior naqueles que estão infetados com o vírus do herpes simples”. Além disso, continua, “o tratamento antiviral contra o herpes provoca uma diminuição drástica no número de pessoas gravemente afetadas por HSV1 que, mais tarde, desenvolvem demência”.

De acordo com a Visão, a grande maioria das pessoas é infetada pelo vírus do herpes simples 1 – o HSV1 – que é particularmente infecioso para as células da mucosa oral, e que é comummente conhecido por herpes labial.

Diz a investigadora que esta estirpe pode estar por detrás de mais de metade de todos os casos de Alzheimer. Segundo a especialista, este vírus alimenta proteínas beta-amilóides, que são geralmente observadas no cérebro de pessoas com Alzheimer, e ele próprio causa depósitos proteicos característicos da doença – uma espécie de placas entre os neurónios e as ligações dentro deles.

“As principais proteínas dessas placas e ligações acumulam-se também em culturas de células infetadas pelo HSV1 e medicamentos antivirais podem prevenir isso”, afirma Itzhaki, que investigou esta ligação durante 25 anos. O HSV1 infeta a maioria das pessoas na infância e permanece dormente no sistema nervoso periférico. Ocasionalmente, quando uma pessoa está nervosa, o vírus é ativado, causando herpes labial.

Trabalhos anteriores, conduzidos pela mesma investigadora, mostraram que o herpes labial é mais comum em pessoas portadoras de uma mutação genética, o alelo APOE-ε4, que também aumenta o risco de Alzheimer.

Quando se torna repetidamente ativo no cérebro, o vírus pode causar danos cumulativos. O estudo adianta que a probabilidade de desenvolver a doença de Alzheimer é 12 vezes maior nos portadores de APOE-ε4 que têm HSV1 no cérebro do que para aqueles que não possuem nenhum fator.

Desta forma, os cientistas acreditam que o HSV1 é um dos principais fatores que contribuem para a doença de Alzheimer e que o vírus está mais presente no cérebro de pessoas idosas à medida que o sistema imunológico diminui com a idade.

De acordo com o The Conversation, os dados mais recentes sugerem que podem ser usados ​​agentes antivirais para tratar a doença de Alzheimer, isto porque os principais agentes antivirais impedem a formação de novos vírus, limitando assim os danos virais.

É importante ressalvar, todavia, que os estudos, incluindo este mais recente, mostram apenas uma associação entre o vírus do herpes e o Alzheimer, não ficando provado que o vírus é uma causa real.

Várias organizações que estudam demência já reagiram a estas conclusões, frisando a necessidade de haver mais pesquisas que comprovem esta conexão e a realização de ensaios clínicos em humanos.

ZAP //

 

1 Comment

  1. Eu apresento-me primeiro chamo-me Pedro Miguel Mota Moura Sou natural de São Miguel Açores tenho 39 anos e estou actualmente de baixa médica de uma doença que pareçe-me inacreditável porque eu perguntei ao médico e ele disse-me que o vírus do herpes-labial me foi para o cérebro. Eu penso eu sempre tive herpes-labial as minhas irmãs também e são 3 que eu tenho e muita gente que eu conheço e nunca vi ninguém assim. Para uma coisa sem lógica nenhuma os médicos foram rápidos. Já explico o que foi essa afectou-me principalmente a nível de memória e eles me enfiara-me em Lisboa num sitio desconhecido. Pergunto se alguém vê alguma lógica nisso?

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