Hamas premeditou os ataques sexuais, conclui ativista israelita. Os EUA não duvidam e acreditam que a pausa foi quebrada porque os terroristas “não querem que essas mulheres falem sobre o que lhes aconteceu”. Hamas descreve os relatos como “mentiras” de Israel.
Um porta-voz da diplomacia norte-americana admitiu esta segunda-feira que os esforços para prolongar a pausa nos combates em Gaza falharam em parte porque o Hamas não queria que as mulheres reféns revelassem o que tinham sofrido.
“Parece que uma das razões pelas quais não querem libertar as mulheres que mantêm reféns e que a pausa foi quebrada é que não querem que essas mulheres falem sobre o que lhes aconteceu enquanto estavam detidas”, disse Matthew Miller.
As autoridades israelitas declararam na sexta-feira que retomavam a ofensiva militar porque o Hamas não tinha libertado todas as mulheres reféns.
O porta-voz do Departamento de Estado recusou-se a ser mais específico, alegando a natureza sensível da questão. No entanto, disse que Washington não tem “nenhuma razão para duvidar” das informações sobre a violência sexual atribuída ao grupo islamita palestiniano.
“Há muito pouco que eu ache que o Hamas não seja capaz de fazer no que diz respeito ao tratamento de civis e, em particular, ao tratamento de mulheres”, disse Miller, citado pela agência francesa AFP.
“Hamas planeou violência sexual”
Segundo a advogada israelita pelos direitos das mulheres, Ruth Halperin-Kaddari , o Hamas tinha um plano para usar a violência sexual como arma de guerra.
A ativista disse ter visto imagens de mulheres em vários locais cujas condições a não deixaram “qualquer dúvida” de que tinham sido violadas.
“Vi vários relatos de testemunhas oculares em primeira mão. Por exemplo, de um sobrevivente que se escondeu nos arbustos e viu uma mulher ao lado ser violada por vários homens”, disse a professora ao programa Today, da BBC Radio 4.
A ativista afirmou também que conversou com um paramédico que tratou de uma mulher que perdeu uma quantidade de sangue potencialmente fatal após relatar ter sido violada por quatro homens.
“Vi imagens de vários locais de corpos cujas condições exibiam o mesmo padrão de mutilação e não deixavam dúvidas de que a violação foi cometida contra estas mulheres antes de serem executadas”, confessou.
“Isto não deixa dúvidas de que tal concentração de casos num espaço de tempo relativamente curto — menos de um dia — em numerosos locais, não poderia ter ocorrido a menos que não tivesse havido um plano, uma premeditação, para usar a violência sexual como uma arma de guerra”, acusou.
Yael Sherer, do grupo de defesa dos Sobreviventes da Violência Sexual, disse ao Today que os homens também foram vítimas de violência sexual no dia 7 de outubro.
Israel investiga. Atraso da ONU gera indignação
Os atacantes raptaram 240 pessoas que levaram para a Faixa de Gaza, 137 das quais continuam a ser mantidas reféns, de acordo com o exército israelita.
A polícia israelita disse estar a investigar possíveis violências sexuais cometidas em 07 de outubro, incluindo violações em grupo e a mutilação de cadáveres.
Os investigadores israelitas recolheram até agora “mais de 1.500 testemunhos chocantes e dolorosos”, disse uma agente da polícia ao parlamento israelita na semana passada.
A agente referia-se a “raparigas despidas acima e abaixo da cintura” e a relatos de violação em grupo, da mutilação e do assassinato de uma jovem.
Tem havido uma indignação por conta do atraso de alguns órgãos da Organização das Nações Unidas (ONU) em reconhecer as alegações das atrocidades sexuais que teriam sido cometidas pelo Hamas no dia 7 de outubro.
O Hamas rejeitou as acusações de violação e violência sexual, descrevendo-as como “mentiras” de Israel que procuravam distorcer a forma “humanitária” como o Hamas tratou os reféns israelitas.
ZAP // Lusa
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