A NASA planeia enviar uma sonda a Encélado, uma lua natural de Saturno, dada a possibilidade de haver oceanos subterrâneos sob a sua crosta congelada – águas essas que poderiam ter temperaturas favoráveis à existência de algum tipo de vida. Mas uma empresa privada pode chegar a Encélado primeiro que a NASA.
Se realmente se vier a confirmar que existe vida em Encélado, será algo à escala microbiana. Mas descobrir e confirmar a existência de vida fora da Terra seria um marco sem precedentes na história do nosso universo.
Desde os tempos do SETI, programa lançado nos anos 80, e das sondas gémeas Voyager, que a NASA procura sinais de vida extraterrestre – e inúmeras missões da agência espacial norte-americana têm procurado desde então algum indício que nos permita saber se estamos ou não sozinhos no Universo.
Mas uma companhia privada poderá começar a procurar vida em Encélado antes mesmo da NASA: a Breakthrough Prize, fundação lançada em 2015 pelo milionário russo Yuri Milner, com a ajuda do astrofísico Stephen Hawking e do fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, com o objectivo declarado de procurar vida extraterrestre.
A fundação anunciou entretanto, o ano passado, planos para construir a Breakthrough Starshot, um pequena nave espacial capaz de chegar a Alpha Centauri, a estrela mais próxima do Sistema Solar.
A Breakthrough Prize parece agora ter virado as atenções para Encélado, e a sua abordagem à busca de sinais de vida no satélite de Saturno é um pouco diferente da da agência americana.
Enquanto os projectos da NASA consideram a possibilidade de se perfurar a superfície do satélite até que as sondas atinjam a camada oceânica, o projecto de Milner irá analisar o apenas o conteúdo da água “cuspida” para o espaço pelos géiseres recentemente descobertos na superfície do satélite.
Em 2015, dados da sonda Cassini, da NASA, revelaram a presença de moléculas de hidrogénio no líquido expelido por estes géiseres, e isso poderia ser um sinal de que as águas de Encélado seriam favoráveis à existência da vida como a conhecemos.
Tudo indica que a agência espacial norte-americana não conseguirá chegar à lua de Saturno na próxima década – caso em que o projecto de Yuri Milner poderia desbravar o caminho e ajudar a NASA em missões posteriores.
A Breakthrough Prize está ainda no entanto a estudar a viabilidade do seu ambicioso projecto, e não descarta desenvolvê-lo mesmo em parceria com agências espaciais governamentais como a NASA e a europeia ESA.
Porque, por muito grande que seja a fortuna dos milionários envolvidos, o tamanho do Universo a explorar à procura de sinais de vida é muito maior – dizem, até, que infinito.
ZAP // Canaltech